Mas será que é mesmo assim? Na minha opinião, continuo a achar que o conceito de saudável não é um one size fits all – na verdade, é algo muito personalizado. Ser-se saudável é respeitar o nosso corpo e honrá-lo, e isto pode ser diferente para todos os indivíduos.

               Eu fui vitima destas generalizações. Durante muito tempo fiz bastante exercício acreditando (ou com a desculpa de) ser um comportamento saudável quando na verdade estava a fazer o efeito oposto no meu corpo, que na altura estava desnutrido e fraco, apesar de eu sentir exatamente o oposto. E como eu, sei que há muitas mais pessoas a fazerem o mesmo.

Porque é que fazes exercício?

               Já alguma vez pensaste nisso? Se não pensaste, desafio-te a fechares os outros e refletires sobre os teus porquês e as tuas circunstâncias. Já tens a resposta? Excelente! Agora vou dar-te algumas boas razões para NÃO fazeres exercício.

“Quero queimar calorias”

               Se o teu objetivo número 1 com a atividade física é queimar calorias, lamento dizer-te, mas não é um bom objetivo. Primeiro de tudo, queres queimar calorias porquê? O que estás a tentar controlar? Porque é que este deverá ser o teu objetivo número 1? Restringir o propósito da atividade física à queima de calorias pode levar-te rapidamente a uma sensação de falso controlo que, por sua vez, pode muito rapidamente tornar-se uma obsessão.

“Estou lesionado/a.”

               Para qualquer comum mortal, uma dor, desconforto, ou uma lesão, são mais do que motivos para suprimir a atividade física. Até aqui, não há nada de anormal. O problema é quando damos por nós a pôr de lado a dor para nos mexermos, porque algo dentro de nós nos obriga a mexer. Isto é perigoso numa perspetiva física – pois podemos causar mesmo uma lesão – mas principalmente mental – claramente algo está errado e precisa de ser averiguado.

“Tenho de manter a minha rotina.”

A menos que sejas uma atleta de alta competição, se deres por ti presa a uma rotina inflexível e rigorosa de exercício diária, da qual não te consegues libertar, deves ficar alerta. O alerta deve ser ainda maior se já ponderaste cancelar planos (por exemplo, um jantar com amigos, uma ida ao parque ou à praia, entre outros), ou realmente cancelaste planos, para cumprir essa tua rotina. Isto significa que o exercício está a dominar a tua vida e, como tal, está a tornar-se algo negativo.

“Se não fizer exercício fico de mau humor”

               Em ligação com a razão anterior, já deste por ti a ficares irritada, frustrada ou até zangada, caso tenhas planeado fazer um treino e, por qualquer imprevisto, não foi possível realizá-lo? É um grande alerta vermelho. Está na hora de parares e pensares no espaço que esta atividade está a ocupar na tua vida.

“Tenho de fazer exercício porque ontem comi X.”

               Acho que todos nós já dissemos, na brincadeira, algo do género “Bolas, comi pizza, amanhã vou correr meia hora”. Na grande maioria dos casos, isto é apenas um pensamento verbalizado que esquecemos rapidamente no dia seguinte. Mas, para algumas pessoas (e eu admito que sofri bastante deste mal), não é apenas um pensamento. É a realidade. E não é só meia hora de corrida no dia seguinte. São horas de exercício duro nos dias seguintes que se perpetuam ao longo do tempo para compensar aquilo que se comeu. Mas porque temos de nos castigar pelo que comemos? Pensa nisso.

Se deste por ti a entrar num ciclo obsessivo ou negativo com a atividade física, tenta parar. Pára e pensa nos teus porquês. Podes estar a entrar numa rota autodestrutiva na ilusão que te estás a ajudar, quando na verdade estás a fazer o oposto.

Mexer o teu corpo deve ser um acto de amor. Deve servir para te honrares, para te sentires bem e para aumentar os teus níveis de energia. Não deve ser um castigo, uma imposição da sociedade ou um mecanismo compensatório.

Pensa nisto e cuida de ti