[#Dicas] As 9 life-changing conclusions que tirei na quarentena (até agora)

12.4.20


               Há mais de um mês que estou na casa dos meus pais, sendo que é este mês que marca o início da minha quarentena. Por outras palavras, estou tecnicamente há mais de um mês de castigo.

               Não sou a única (felizmente), mas a verdade é que isto é um pouco chato e desagradável para todos (infelizmente). Ainda assim, penso que cada um de nós está a viver este confinamento de forma diferente.

               Desta forma, apresento-vos então as 9 life-changing conclusions que tirei na quarentena (que acho que vale a pena ler pela ordem que são apresentadas).


1. Quanto mais tempo livre tenho, menos faço…

Já tinha constatado este facto: quanto mais tempo livre tenho, menos vontade tenho de fazer coisas. Por outro lado, quanto menos tempo livre tenho, mais vontade tenho de fazer coisas que não consigo fazer. É a regra mais frustrante da minha vida. Parece uma lei. É certo como o destino. Tenho todo o tempo do mundo – para trabalhar no meu doutoramento, para investir em novas aprendizagens, para me dedicar a um hobby, para ler um livro, para escrever novo conteúdo para o blog… E o que é que eu faço? Nickles, pickles, batatoides. Zero. Nada, Nadinha. Nem consigo obrigar-me a fazer algo. É como se o tempo livre me sugasse a energia criativa que a ocupação me traz e a atirasse para um grande buraco negro onde não é possível resgatá-la.


2. … E isso faz-me sentir inútil

A maior consequência dessa falta de energia criativa é o sentimento de inutilidade. Consigo imaginar toda a gente a contar-me todos os feitos heróicos e investimentos de tempo e dedicação a criar, a aprender, a fazer crescer, mil e uma coisas enquanto que eu irei descrever a minha posição no sofá enquanto vejo o telejornal ou o tempo super produtivo que passei a olhar para o ecrã do computador a ver passar os minutos. Detesto sentir-me inútil, mas não consigo levar-me a contrariar esta inércia que me tomou.


3. No entanto, o tempo é relativo e já não sei bem a quantas ando

Mas a verdade é que se pensar bem, o conceito de tempo é relativo. Na verdade na maior parte desta quarentena, até agora, não sabia bem a quantas andava. Não sabia que dia da semana era, ou que dia do mês, ou sequer se já tinha mudado o mês. Os dias pareciam todos um Domingo em loop, e eu apenas sou capaz de distinguir os dias de semana do fim de semana pela presença ou ausência dos meus pais na parte da manhã. Passo muito tempo imóvel fisicamente, mas a verdade é que a minha mente anda a mil. Toda esta situação é nova e é complicada de gerir. Esta relatividade no conceito do tempo permite-me avaliar se o tempo que eu acho que estou a perder, está a ser realmente perdido.


4. E esta situação de confinamento pode exacerbar situações pré-existentes

E o conceito de perder tempo leva-me a este ponto. Tudo o que está adjacente a este regime de quarentena está a mexer com toda a estabilidade do meu distúrbio alimentar, o que me leva, muitas vezes inconscientemente, a negociar comigo própria e com os meus pensamentos menos bons. A quarentena implicou mexer nas duas variáveis que influenciam, e muito, o meu equilíbrio relativamente à anorexia: o movimento e a comida. No meu caso, estar enclausurada em cada deixa-me ansiosa. Em pânico interno. Num estado de alerta permanente. Por outro lado, embora numa menor intensidade, os horários e a disposição de alimento em casa dos meus pais é maior, e eu estou num ponto é que estou a tentar deixar o auto-controlo e a restrição de parte… mas é assustador quando a disposição de alimento é maior. Tudo isto, bem mexido, dá um belo bolo de “Só queria que isto parasse porque a minha cabeça está a dar cabo de mim”.


5. Mas fez-me dar valor a muitas coisas que tomo como garantidas

Por outro lado, comecei a olhar e a dar valor a muitas coisas. Ao privilégio que é poder passar esta quarentena sem estar confinada a um apartamento – por muito que goste da minha casa, não iria conseguir lá estar um mês sem sair de casa ou ia dar em doida. Aqui, em casa dos meus pais, tenho quintal, tenho possibilidade de fazer caminhadas no mato ao fim de semana, e de estar longe da azáfama que é a cidade neste momento. Por outro lado, os momentos em família têm sido preciosos. As conversas são mais profundas, as partilhas são mais reais e, sim, nós aqui em casa abraçamo-nos e estes abraços são ainda mais especiais.


6. Este tempo é ideal para aprendizagens mais profundas

Mesmo pegando no aspeto menos bom da quarentena para mim, enquanto individuo, posso concluir que vou aprender muito. A Quarentena levou-me a desafiar muitos rituais da doença que eu ainda mantinha e, por isso, em termos de recuperação estou a evoluir. Fez-me ser mais introspetiva relativamente à liberdade que tenho e ao que ela significa. Fez-me sentir e vivenciar coisas que nem sequer consideraria viver, e por as coisas, incluindo a minha posição e papel no mundo, em perspetiva. Eu sou só mais uma. Mas também sou uma que pode fazer a diferença ou estragar tudo, numa situação em que o mundo enfrenta um inimigo invisível. Isto faz pensar. E muito.


7. E pode parecer ridículo, mas ter medo ou sentir ansiedade é normal

É normal ter medo. É normal sentir stress, desassossego, ansiedade, irritação… tudo isto é normal. Estamos a vivenciar uma situação sem precedentes. Ninguém sabe muito bem como reagir ou como se comportar. Somos bombardeados com informação todos os dias, muitas vezes contraditória, que temos de filtrar muito bem ou então acabamos ainda mais doidos do que a própria situação só por si proporciona. É muito fácil cair na falácia de que temos de ter tudo controlado, de manter a postura firme e a mente positiva. Isso não é real. E é uma valente porcaria (para não usar outro adjetivo que começa por M e não é muito educado). Eu inicialmente queria parecer forte e tudo mais, mas a realidade é que isto mexeu comigo, com a minha rotina, com os meus pensamentos e com as minhas emoções. Senti-me mal por me sentir mal (desculpem a redundância). Mas porque haveria de me sentir mal por isso?  


8. O mundo está a fazer-nos mudar

Os sinais eram mais que evidentes. Poluição, sustentabilidade, diferenças sociais… todos estes assuntos eram hot topics mas a verdade é que muito se falava e pouco se fazia. O mundo obrigou-nos a ver estas questões – mandou-nos uma pandemia que não discrimina por país ou estatuto social, que obrigou a parar até os negócios mais intocáveis, que nos levou a todos a regressar a casa e a dar valor a algo que tomamos muitas vezes por garantido: a nossa saúde. De que nos serve ter dinheiro se não temos saúde para o gastar? A sociedade foi forçada, em velocidade record, a adaptar-se a uma nova realidade: trabalho à distância, lidar com o medo, viver com responsabilidade. Agora não há abébias nem desculpas.


9. E depois da pandemia?

Eu acredito que vão existir muitas mudanças depois da pandemia. Primeiro, a pandemia vai passar, mas o vírus não vai desaparecer para sempre, estilo conto de fadas. Nem o medo. E os efeitos desses dois fatores irá manter-se presente durante muito tempo. Depois, além da crise de saúde publica, irá chegar uma crise económica que vai ser um tsunami no mundo e na sociedade. Esse tsunami será sucedido de vários “tsunamizinhos” de mudanças em outros aspetos da sociedade: na saúde, no trabalho, na escola, na sociedade em geral,… Em suma: duvido que o mundo voltará a ser exatamente igual àquele que conhecíamos antes de tudo isto. 2020 vai ser mesmo um ano de mudanças profundas.

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5 comentários

  1. Adorei ler este post! Sinto-me exatamente igual, com a exceção de que me obrigo a estudar algo que me vai ajudar no futuro (ou assim o espero!).

    Forcinhas virtuais e que continuem todos bem! :)

    https://www.healthyfoodandme.com/

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  2. Olá olá! O ponto 1 também se tem aplicado na minha quarentena/isolamento. Entre a escola do mais pequeno, a cozinha, as tarefas domésticas pouco tem sobrado para aquilo que todas as outras pessoas têm feito: cursos online, ler, ver séries novas.. etc. O homem da casa tem de trabalhar na mesma, e por isso as restantes coisas acabam por ter de ser eu a fazer.
    Acho que esta situação vai marcar em muitos aspectos a nossa vida. Concordo com a parte de passarmos a valorizar mais as coisas e as pessoas. E temos de abrandar o nosso ritmo. Beijinho, boa continuação.

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  3. Olá, concordo contigo porque falo por experiência própria, quanto mais tempo livre tenho menos faço aquilo que tinha planeado para aquele dia e quanto menos tempo livre apetece-me fazer tudo e mais alguma coisa e sim acredito que isto que está a acontecer fez mudar muitas "mentalidades".

    Beijinhos :*
    omundodapequeninaaa.blogspot.com

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  4. Olá!
    As tuas conclusões foi o que já pensei até ao momento. A dar valor ao que não dava, a questão do tempo livre também concordo. O mundo está a mudar na perspetiva que, estamos focados na questão do isolamento social, mas outras questões como o ambiente ou mesmo a economia, estão estagnadas. Ninguém pensa na importância do nosso contributo para a sociedade funciona dentro… da "normalidade".
    Um beijinho


    http://tudosoblinhas.blogspot.com

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  5. Não te sintas inútil, gastas o tempo como queres a fazer o que queres, a verdade é que estar fechada em casa dá nisto :/

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