[#Reflexão] O que é uma "mente normal"?

25.5.20


Já não me lembro o que é ter uma mente normal no que toca à comida. E por mente normal, quero dizer aquela mente que pensa “Estou cheia… mas vou comer sobremesa porque me apetece.” Ou “Comi 10 bolachas? Bolas, vai pesar na balança” e depois segue com a sua vida como se nada acontecesse.

               O meu cérebro é incapaz de processar esse tipo de informação. Assim que a ligação estabelecida entre os meus neurónios e o meu pensamento corresponde a algo em que a comida ou a atividade física está envolvida, toda esta coneção entra numa espécie de curto circuito – o pensamento entra nesse circuito e não é capaz de sair.

               Por vezes (felizmente cada vez mais), tomo a decisão consciente de ir contra aquilo que a minha mente diz. “Não posso comer X? Ai é? Então vou comer!”, digo, inúmeras vezes para mim mesma, em que o X é substituído pelas mais variadas delícias que nos fazem salivar.

               O que acontece é que mesmo quando contradigo a minha mente, e tomo decisões que são opostas aquilo que ela diz, depois tenho de lidar com as consequências destas minhas decisões. Por vezes faço compensações nas refeições seguintes – “Ai comeste bolo? Agora comes menos!”. Outras vezes, a compensação é com movimento – “Agora vais queimar essas 3 bolachas e 4 amendoins que comeste!”.

O que é constante? 
A culpa. A guerra mental. O stress.

               É exaustivo. Este conflito interno entre aquilo que eu quero e aquilo que eu me permito fazer cansa.

Eu tenho duas hipóteses: Ou cedo à minha mente doente, e, como consequência, volto atrás neste processo recuperação, ou luto contra estes impulsos, e arcado com as culpas, medos, inseguranças e dificuldades, até se tornar mais fácil.

Vai tornar-se mais fácil? Não sei.

Talvez tenha de lidar com esta mentalidade distorcida que me dominou para o resto da vida. Talvez um dia desapareça e tudo volte ao normal. Talvez atinja um equilíbrio em que a culpa coabite com o bem-estar e a tranquilidade.

Mas a minha escolha está feita. Não quero voltar atrás. Não quero que o desejo de ser magra volte a dominar a minha vida. Não quero voltar a estar doente fisicamente.

Quero estar bem. Quero desafiar os meus medos. Quero deixar esta necessidade de controlo de lado e deixar fluir. Quero poder comer e não me sentir mal. Quero poder fazer aquilo que quero, e não aquilo que as leis impostas na sociedade, ou impostas pela minha propriamente, controlem e dominem a minha vida.

E a verdade é que, quanto mais lutar contra estes pensamentos e resistir às consequências, mais fácil se torna.

E vai tudo ficar bem.
Eu acredito.

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2 comentários

  1. A nossa mente é perigosa mas há que haver equilíbrio, físico e emocional, para que estejas bem contigo própria. Eu não sou exemplo, quando quero algo como mesmo que me faça mal mas não fico mal comigo por comer, nem deixo de gostar do meu corpo por ter mais celulite ou gordura localizada, talvez me arrependa daqui a 20 anos mas enquanto eu quiser irei ser feliz desta forma (controlando me claro, mas comendo o que quero) ;)

    Um beijinho enorme **

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    1. Eu acho que a tua filosofia de vida é que está certa. De que serve ter um corpo "perfeito" (com muitas aspas), se no final de contas somos miseráveis? Temos de ser saudáveis, e ser-se saudável e implica fazermos coisas que nos dão prazer :) Obrigada pelo teu testemunho!

      Um beijinho *

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