Numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa ~ E se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente ~~~ E começamos assim… com um fadinho a relembrar que no nosso país se fazem coisas boas!

A viagem de hoje começa na Graça…. Bairro típico de Lisboa, que foi o palco desta experiência gastronómica. O Graça 28 foi o escolhido, e o passeio levou-nos por sabores nacionais com pequenos twists…

Preparados?

Preparem o vosso GPS e fiquem muito atentos porque… dar com o Graça 28 não é fácil…! Nós passamos duas vezes à porta e não demos pelo sítio e só depois de avaliarmos os prédios um a um acabamos por dar com a entrada do restaurante!

Mas o desafio não termina aqui: depois de darem com a entrada, terão de subir um lanço de escadas, virar à esquerda, entrar e… essencialmente, sentirem-se em casa! É esse o espírito e o ambiente que vos vai receber!

O restaurante é, literalmente, uma casa, cujas portas das divisões se encontram todas abertas, mas as mesas estão colocadas nas diferentes divisões. Ao entrar, a primeira coisa que se vê é um corredor que termina numa janela que dá para a cozinha.

Ao virar à direita, há uma pequena sala onde está um balcão e onde os clientes são recebidos. Há também uns puffs e o acesso para um jardim onde no verão se deve comer muito, muito bem! O resto do espaço é precisamente como disse: em cada recanto há duas ou três mesas, e assim se vai navegando ao longo da casa-restaurante.

Toda essa dinâmica faz-nos sentir como se tivéssemos realmente em casa. Existe uma certa intimidade, pois as mesas estão um pouco isoladas e cada pessoa acaba por comer no seu cantinho, sossegada. Por outro lado, esta não é uma casa qualquer! É uma casa com requinte, e cujas mesas estão postas com classe, copos de vinho e de água, guardanapos de pano… enfim. Todos os detalhes estão presentes!

Sendo um espaço meio recatado, com um conceito diferente e um ambiente peculiar, acabei por reparar que as pessoas que o frequentam são também pessoas peculiares sabem, aquelas pessoas que transbordam arte, que têm ar boémio ou que simplesmente desfrutam das pequenas coisas da vida sem quererem saber do que os outros pensam… percebem o que quero dizer?

O Graça 28 dá o ar de sua graça (bom trocadilho, heim? :b) com pratos de inspiração portuguesa, servindo refeições casuais mas requintadas. O menu não é muito longo, o que é excelente, e tem pratos para todos os gostos, desde carnes, peixes e pratos vegetarianos!

Mas antes de falarmos do que propriamente interessa, preciso de destacar algo que me deixou fascinada – ao chegarmos, somos recebidos com uma bebida de boas vindas: um cálice de vinho branco. Como é que um pequeno gesto pode logo influenciar tão positivamente a experiência?

Mas passando ao que interessa: iniciamos a refeição com o Couvert acompanhado de pão. Este pão fez-me lembrar um pouco aquele que como no Alentejo – caseiro, mole, e se estivesse quente acreditava que tinha acabado de sair de um forno de lenha! A acompanhar, as típicas azeitonas, um patê de atum que estava maravilhoso (realmente tinha atum e não era só maionese!) e umas cenourinhas à algarvia que, sendo eu algarvia, não tem como não adorar!

Passando ao prato de peixe – Atum braseado, servido numa cama de puré de batata doce, coberto com molho balsâmico e gomos de laranja. Eu adoro atum! Adoro ainda mais quando está cru no meio, mas bem braseado no exterior… E este estava no ponto! Segundo palavras do meu pai: “O melhor atum que já comi!” e olhem que ele já comeu bastantes! Não cheguei a provar o puré de batata doce porque não aprecio muito, mas até que tinha bom aspeto!

Relativamente à carne, veio o Naco de carne maturada, acompanhada de legumes e compota de tomate picante. Ora este prato foi uma aventura: primeiro disseram que geralmente a carne vinha malpassada e eu armei-me em campeã e disse que não havia problema! Mas havia… e o problema foi que a carne vinha quase a mugir! Mas eu fui demasiado orgulhosa para pedir para passar mais um pouco e comi! E com isto aprendi que, apesar de até se ter comido bem porque não escorria sangue nem nada, eu gosto da carne um pouco mais bem passada pois o centro do bife vinha completamente cru. Mas estava muito tenra! A compota de tomate foi algo fascinante – combinava o sabor doce e acido com o toque de picante que era delicioso! E os legumes… bem, não há como enganar, não é? Deliciosos!

Ainda pedimos uma saladinha para acompanhar! Era uma salada bem rica, temperada com vinagre balsâmico e eu achei que a porção era muito generosa! Foi o acompanhamento ideal!

Terminamos a refeição com um doce tipicamente alentejano: Sericaia! Eu adoro sericaia, mas não é dos doces que como com frequência. Há qualquer coisa naquela textura cremosa com o toque de canela que é irresistível e, como só como quando o rei faz anos, ainda sabe melhor! Esta fatia valente vinha também com uma ameixa d’Elvas, fazendo assim o Duo maravilha desta sobremesa deliciosa!

Só o facto de sermos recebidos com um sorriso e com uma bebida de boas vindas fez logo o restaurante ganhar pontos extra! Depois, o atendimento cuidado, a simpatia, as explicações do menu, dos pratos do dia, bebidas e afins foi a cereja no topo do bolo.

Só depois de visitar o Graça 28 é que me apercebi que este restaurante é bastante recente… mas para restaurante recente, achei que estava bastante otimizado! A comida é boa, o serviço rápido, o atendimento irrepreensível e o espaço que transborda personalidade e originalidade!