Todas as desculpas são ótimas para ir a um novo restaurante, e ainda por cima com amigos! E quando não há uma desculpa… inventa-se! Mas desta vez fui experimentar um novo espaço a convite de uma grande amiga minha e com um propósito específico – e o local escolhido para este momento solene foi o Hífen.

                Conseguimos então completar a equação: motivo + amigos + nova experiência gastronómica = felicidade! E com isto… vêm comigo ao Hífen?

O Hífen fica mesmo na baía de Cascais – uma Vila que não conhecia bem e que me surpreendeu pela vida e pelo ambiente super agradável – e é um espaço relativamente pequeno que funciona como bar (no piso de baixo) e como restaurante (no piso de cima).

                Tratando-se de uma zona turística, não é de admirar que esteja lotado de gente, o que acaba por tornar o espaço um pouco barulhento e confuso. No piso de cima, o ambiente é mais calmo – mas pouco mais. Mesmo assim, não deixa de ser um espaço bastante interessante!

                A sala superior tem várias mesas para 2 e 4 pessoas, e tem uma mesa comprida, comunitária, que foi precisamente onde nos sentamos. Além disso, tem algumas varandas onde também há mesas para duas pessoas e que têm uma vista espetacular para a baía! A vista é mesmo linda, acreditem!

Em termos decorativos, tem bastantes elementos relativos à natureza – muitas madeiras, recortadas como se fossem troncos de árvores, muitas plantas artificiais pelas paredes, o que transmite alguma tranquilidade naquele espaço com tanta agitação. Acaba por ser um contraste engraçado – o movimento, o barulho e as pessoas com a tranquilidade que se recebe dos elementos decorativos e da vista de tirar a respiração!

A mesa comunitária tem um detalhe interessante - uma fenda a meio da mesa que está iluminada e, no fundo, serve para encaixar as tábuas e tigelas onde são servidas as iguarias do restaurante! Achei uma gracinha este pormenor!

                O menu do Hífen convida à partilha de pratos, mas existem também opções para pratos individuais. A comida é uma espécie de fusão de clássicos portugueses com alguns twists bastante criativos e reinvenções alternativas que acabam por ser bastante cativantes para curiosos em termos de comida… como eu!

                Para entrada, pedimos umas Lascas – no fundo, são chips de batata, batata doce e beterraba, bastante crocantes e servidos com ervas por cima e com um molho chamado Brava, que me pareceu uma maionese com um toque picante (ou pelo menos assim me pareceu), bastante deliciosa! Gostei particularmente das de beterraba!

                Pedimos 7 pratos (eramos 6 à mesa!), mas não cheguei a experimentar todos… No entanto, em termos de empratamento, estavam todos no ponto, e toda a gente ficou satisfeita e por isso vou mostrar-vos tudinho!

                Começando pelos pratos vegetarianos (que os provei aos dois!), pedimos Tempura de Espargos com Guacamole e Peixinhos da Horta com Ketchup de Maçã (por esta ordem nas fotografias!). Dois pratos clássicos, um de inspiração asiática – apesar de se dizer que a tempura tem raíses portuguesas – e outro uma reinvenção de um classico português, ambos super deliciosos! Ambos os pratos eram bastante crocantes, a tempura era deliciosa, e digo-vos que não fazia ideia do que esperar de ketchup de maçã, mas é ótimo e não é vermelho eheh! Estes dois pratos são típicos fingerfood, por isso se provarem preparem-se para sujar os dedos!

                Passando para os pratos de peixe (que também provei os dois), vieram para a nossa mesa o Mil folhas de Bróculos e o Xadrez de Atum e Salmão. E agora vocês perguntam… “Mil folhas de broculos? Isso é prato de peixe?” Pois é meus amigos, é mesmo! No fundo, é um puré de broculos, com uma camada de massa folhada por cima, um ovo por dentro e salmão fumado no topo e este foi, provavelmente, o prato mais polémico que nos foi servido pois a maioria dos meus amigos não gostou muito… mas eu adorei! Acho que estava bem balançado, e como era um prato completamente diferente, para mim ganhou pela originalidade também! O Xadrez de Atum e Salmão era igualmente delicioso! Também com inspirações asiáticas, os cubos de peixe vinham braseados apenas – ou seja, o seu interior ainda estava cru e bastante suculento – e vinham escondidos numa floresta de legumes salteados, terminando com um molho de miso e wasabi que caia ali que nem uma luva! De todos os pratos, os pratos de peixe foram os meus favoritos!

                Também vieram para a mesa 3 pratos de carne que não cheguei a provar. Foram eles a barriga de porco à alentejana (que não comi porque não costumo consumir carne de porco… muito menos a parte da barriga), o prego de lombo (não tirei fotografia... desculpem!) e o prego de picanha (este aqui, confesso, ficou a olhar para mim e deixou-me tentada… mas já não tinha estômago para mais!).

                Para terminar em chave de ouro, vieram as sobremesas… mas confesso que fiquei um pouquinho desiludida. Entre os 6, pedimos 4 sobremesas diferentes – A tarte de chocolate, noz e caramelo com gelado de tangerina, o “Não brinques com o meu pudim” (uma alternativa ao pudim normal, servido com creme mascarpone e bolacha de sésamo, o “odiamos mousse de chocolate liquida” e o parfait de manteiga de amendoim com nougat de chocolate e caramelo salgado. Bem… pelo menos ganham pontos pela originalidade dos nomes e pelo empratamento perfeito também! E já agora… conseguem adivinhar qual escolhi?

                Pois, foi mesmo a tarde de chocolate! Eu sabia que ia cometer um grande risco a escolher essa sobremesa pois não gosto muito de gelados de citrinos… mas estava na esperança que a tarte de chocolate fosse mais parecida ao lava cake que propriamente a uma barrinha de chocolate e cereais, mas saiu-me o tiro pela culatra! Realmente não gostei do gelado. Quanto à tarte… não era má mas aí está, as minhas espectativas eram outras e por isso acabei por ficar um pouco desiludida. No fundo, é uma tira de chocolate com uma textura cremosa mas firme, com nougat na base que lhe dá um contraste engraçado – e sejamos francos, chocolate e caramelo é aquela combinação que funciona muito bem!

                Acabei por provar as restantes sobremesas também. O parfait de manteiga de amendoim foi-nos apresentado como o best seller para o publico feminino – era bom, mas achei que deveria tornar-se um pouco enjoativo! A mouse de chocolate foi vendida como a melhor do mundo, no entanto acho que a da minha mãe é melhor ainda (mas aqui o ingrediente amor faz toda a diferença!). Quanto ao pudim, vinha com uma textura mais parecida à de queijada mas não achei mau de todo e acho que numa próxima visita será a sobremesa que vou pedir!

                A refeição que tomamos foi muito agradável… mas tenho que ser sincera – o serviço deixou um pouco a desejar em termos de eficiência. A nossa comida demorou muito tempo a chegar à mesa – especialmente falando das sobremesas, devemos ter esperado uma boa meia hora! – o que não se justifica considerando que, apesar de cheio, o restaurante não é assim tão grande. Talvez uma melhor organização na cozinha e/ou no staff e umas mãozinhas extra devam ser consideradas de forma a melhorar este aspeto.

                Por outro lado, o que falha em eficiência, acaba por compensar de certa forma em simpatia. O staff é jovem e boa onda, e são muito simpáticos e atenciosos – pelo menos, depois de se conseguir a atenção deles o que por vezes demora um bocado também!

                Boa comida e boa companhia criam sempre boas memorias e por isso, apesar de tudo, o Hífen vai ficar marcado como um restaurante que me deu boas memórias – foi lá que recebi o primeiro convite para um casamento, foi lá que estive com pessoas que para mim são fundamentais, e foi lá que partilhamos boas gargalhadas e boa comida.

                A experiência no geral não foi brilhante, mas foi bastante boa. O restaurante tem um ótimo conceito, um ótimo ambiente, mas peca apenas na eficiência – e isto pode facilmente ser melhorado! Em termos de preço, acho que está equilibrado com o que se pratica em outros estabelecimentos semelhantes – não é demasiado barato, mas também não é necessário vender um rim para comer lá! Além disso, a localização e a vista também se pagam, não é? E nesse aspecto, o Hífen deve ter sido dos melhores restaurantes que já visitei!