[#Reviews] Tasting Lisboa: Mwana Pwo

4.12.18

                Sabem o que calha mesmo bem nos dias frios, mas de sol… que pedem algo que nos reconforte a alma, nos aqueça o corpo e nos faça dizer “ah… isto soube mesmo bem, sinto-me mesmo feliz”? Delicias quentes, ricas em sabor, com texturas cremosas! E sabem onde se pode encontrar esta combinação? Numa viagem por terras africanas! É verdade: desta vez fui a África e acabei no Mwana Pwo – e não é que fiquei rendida aos sabores da comida de Angola?

                Mwana Pwo… Confesso que o nome não me diz nada e fiquei com pena de não ter questionado o que significava. Calculo que seja algo num dos vários dialetos de um grande país chamado Angola – o qual inspira a gastronomia deste restaurante. Ainda não tinha visitado nenhum restaurante desta zona de África e tinha bastante curiosidade, não só por causa da gastronomia em si, mas porque a minha mãe nasceu em Angola e, apesar de ela ter vindo para Portugal com 8 anos (os meus avós são portugueses), ela lembra-se de bastantes coisas inclusivamente da gastronomia!


                Claro está que tinha de fazer esta experiência gastronómica com ela. E agora quero fazê-la com vocês! Vamos lá?
             
  

O Espaço 

                 O Mwana Pwo situa-se no Parque das Nações, junto à FIL, naquela rua que tem imensos restaurantes que parecem – e são! – deliciosos! E este não foi exceção!
                À entrada dá logo para perceber que estamos a entrar num continente diferente do que os restaurantes em volta nos oferecem – começando pela estátua de um grande herbívoro (shame on me como bióloga não saber qual é…!) e acabando nas cores e nos motivos tribais que se observam logo pelas grandes janelas que cobrem a entrada do restaurante.
                O espaço tem o tamanho ideal para se desfrutar de uma refeição com tranquilidade e apreciar toda a experiência. Está decorado com vários elementos alusivos à cultura africana – como era de esperar – e tem muita cor! Além disso, tem música africana a tocar como ruído de fundo e eu dei por mim a abanar o corpo ao escutar aqueles sons quentes e melodiosos!
                Ao sentarmos-nos deparamos-nos com uma mesa perfeitamente posta com todos os requintes – copo de vinho e água, talheres duplos para as entradas e para os pratos principais e já tínhamos na mesa garrafas de água à nossa espera! São aqueles pormenores que eu constantemente digo que fazem a diferença, e realmente fazem!


A Comida

                Começando pelo conceito – o Mwana Pwo tem uma carta que na sua grande maioria são típicos de Angola. Aos sábados ao almoço funciona exclusivamente em regime de Buffet, e ao Domingo ao almoço existe a opção Buffet e à Carta. Nós optamos por comer à Carta.
                Achei bastante engraçado que, antes dos nossos pratos começarem a chegar, nos serviram ginguba torrada. E vocês perguntam… “O que é ginguba?”. São amendoins! E fixem este nome, que vai aparecer muitas vezes ao longo desta viagem eheh.  Curiosamente, vêm acompanhados com uma tigela de água que ajuda a descascá-los.
                Iniciamos a refeição com uma sopa – Muzongué, ou, na sua “tradução”, caldo de peixe. Lembra um pouco uma canja, que vem com uma posta de peixe cozida, peixe seco – que nunca antes tinha provado mas gostei bastante! – batata doce, banana-pão – sim! Banana pão! E é mesmo bom! – e mandioca, e vem com uma farofa à parte que se mistura no caldo e lhe dá aquele sabor delicioso extra! Se o objectivo era aquecer, começamos muito bem! O caldo é muito rico em sabores, o peixe vem muito bem confecionado e os vegetais adicionados acrescentam substancia que faz com que este seja um ótimo prato de conforto!
                De seguida, provamos outro prato de peixe, o Calulu! Para além do nome engraçado, é um prato delicioso! Vem também uma posta de peixe confecionada num molho espesso com alguns vegetais, entre os quais se destacam os quiabos que dão a riqueza ao prato. Também leva um pouco de peixe seco que, neste prato, achei que tinha um sabor ainda mais intenso. No prato viam-se umas bolinhas que inicialmente não percebi o que eram mas depois apercebi-me que eram as sementes do quiabo! Dão uma textura super interessante ao prato.
                Depois do Calulu de peixe, passamos à carne e provamos dois tipos diferentes de Moamba de galinha! Começando por aquela que, para mim, tinha o sabor mais interessante – a moamba de galinha de ginguba (eu avisei que voltaria a falar de ginguba, não foi? Eheh). No fundo, trata-se de carne de frango servida num molho cremoso que tem por base amendoim (daí a cor clarinha que possui) e que leva outros vegetais entre os quais o quiabo que se destaca muito na gastronomia Angolana. O sabor é ligeiramente adocicado e o molho é mesmo muito cremoso!
                A segunda “versão” de moamba de galinha que provamos é a de Dendém. Dendém é uma pasta extraída da palma (a mesma planta de onde se extrai o óleo de palma), que é o que é usado na base deste prato. Ao dendém juntam-se também os quiabos e os restantes vegetais – esta parte da base é semelhante em ambos os pratos! O molho não fica tão cremosos e o sabor é menos adocicado mas é muito delicioso! Para aqueles que não gostam de pratos tão doces, esta versão é a ideal!
                Para acompanhar os 3 pratos principais, vieram 3 acompanhamentos: O arroz branco, simples, que confesso que não foi muito popular na mesa porque o destaque foi todo para o funge – também conhecido como pirão e que aparentemente é o alimento base na gastronomia Angolana. É uma espécie de massa feita com farinha de milho ou mandioca que fica com textura borrachuda e tem sabor neutro – o que faz com que seja o acompanhamento ideal para pratos com molho pais acaba por absorver os sabores! Nós provamos duas variedades: a de milho branco (à direita) e a mista (à esquerda) – ambas deliciosas! Um detalhe engraçado – para servirmos o funge deram-nos duas colheres mergulhadas em água de forma a conseguirmos cortar sem que ficasse tudo colado… muito interessante!
                Um pequeno extra para o caso de se questionarem… A comida não é picante! Contudo, deram-nos a provar um molho picante que é bastante potente mas que fica delicioso misturado nos pratos principais, especialmente nas moambas! Dá-lhe aquele extra de quente que sabe muito bem – mas cuidado para não exagerarem pois pica bastante!
                Para terminarmos em grande, claro que tinha de haver sobremesa, não é? Começando pela menos tradicional – Kremozzo de chocolate e cacau – que é um bolo de chocolate estilo brownie, muito molinho, pouco doce e de sabor a chocolate muito forte, que vem servido com uma bola de gelado de baunilha – aquela combinação que nunca falha! Além disso, vem decorado com purpurinas - quão adorável!? Uma nota acerca desta sobremesa – Não tem glúten, por isso todos podem desfrutar desta delicia!
                De seguida, experimentamos um doce mais tradicional chamado Canjica doce – que é a versão angolana de arroz doce, mas que analisando bem, é bastante diferente – primeiro não leva arroz mas sim milho! Depois não leva leite, mas sim leite de coco, e por fim não leva canela em cima, mas sim coco ralado! Digamos que é uma versão tropical do nosso arroz doce mas… acreditem, eu não sou muito apreciadora de coco mas A-DO-REI a Canjica e acho que se quiserem experimentar uma sobremesa autentica do país, esta é a opção correcta!


O Serviço

                Eu acho que as pessoas que são realmente de África são muito calorosas (muito mais que os portugueses) e isso sentiu-se quando fomos recebidos – e muito bem! – no restaurante com um grande sorriso e muita simpatia.
                A anfitriã do restaurante conduziu-nos à nossa mesa, explicou-nos o conceito e incentivou-nos a ir espreitar as opções do Buffet antes de vermos a carta para termos uma ideia das opções que nos ofereciam. Como já vos contei, optamos por escolher da carta e ela, muito amavelmente, explicou-nos alguns dos pratos e fez várias sugestões, muito acertadas, que nos deixaram muito agradados! Tivemos também um rapaz (português) a atender-nos que também foi igualmente simpático e ajudou-nos com as sobremesas!
                Em termos de espera pela comida, não nos podemos queixar. A sopa de entrada foi o que demorou mais, mas os pratos principais chegaram depressa, quentinhos e empratados cuidadosamente. Foi sem dúvida uma experiência fantástica!


Para terminar…

                Nunca antes tinha experimentado comida típica Angolana e o pouco que conhecia era de pesquisas online que, infelizmente, ainda não nos permitem provar (mas acredito que isto seja o futuro… ou pelo menos assim o espero eheh). Confesso que fiquei rendida à riqueza de sabores, ao calor e cremosidade de cada prato e ao facto de sentir que aquela era comida autêntica, caseira e realmente representativa de um país que é muito rico em cultura gastronómica. Além disso, o facto de saber que as comunidades africanas parecem gostar de lá ir comer também é um factor que joga a favor do Mwana Pwo no que toca a autenticidade!
                Como a maioria dos restaurantes que partilho convosco, em termos de preço não é o mais económico mas acho que realmente vale a pena experimentar, e os Buffets são bastante mais económicos e permitem experimentar uma ainda maior variedade de pratos!

                Escusado será dizer que recomendo e muito uma visita ao Mwana Pwo!


Mwana Pwo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

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6 comentários

  1. Patrícia, sua descrição sobre a gastronomia Angolana me fez viajar e imaginar cada prato chegando à mesa, uma verdadeira delícia! Em minha próxima visita à Lisboa com meu marido, quero muito conhecer esse restaurante. Obrigada pelas dicas maravilhosas, adorei!

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    1. Olá Fernanda! Fico muito feliz por teres gostado! Quando regressares a Portugal com o Fernando terei todo o gosto em levar-vos lá! Um beijinho!

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  2. Mwana Pwo: mulher jovem em tchokwe língua falada nas províncias das Lundas em Angola. É também o nome da máscara que que surge no logo que estão na foto.

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    1. Muito obrigada pela informação! Realmente não sabia e estava bastante curiosa! Tanto o nome como a imagem estão cheios de significado e isso é tão bom!

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  3. Obrigada pela sugestão! Fiquei com curiosidade de experimentar esse arroz doce angolano!

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    1. Obrigada eu pelo comentário! Acho que é um local que vale muito a pena ser visitado! E sim, esse "arroz" doce é mesmo muito bom! :D

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