[#Restaurant] Tasting Lisboa: Eating Bear
24.4.19
Vou
confessar uma coisa – sempre que penso num restaurante na Baixa de Lisboa
(especificamente naquelas zonas de grande afluência turística) sou um pouco
preconceituosa. Porquê? Porque assumo sempre que a comida é cara, é pré-feita,
e o atendimento é mau (a menos que sejamos turistas, é claro). Já tive algumas
más experiências e certamente não serei a única… certo?
Por
isso, quando encontrei o Eating Bear numa das minhas pesquisas para encontrar
um sítio porreiro para ir almoçar, e percebi que ficava justamente na zona que
eu considero “perigosa”, fiquei um pouco de pé atrás. No entanto, aproveitei um
bom desconto e acabei por dar uma chance a um restaurante que depressa se
tornou um daqueles que me surpreendeu… e muito!
Curiosos?
O Espaço
O
Eating Bear fica numa rua paralela à Rua Augusta, quase a tocar na zona
ribeirinha, numa esquina. É um espaço meio discreto, mas que acaba por se
destacar dos demais que o rodeiam pelas grandes janelas e – naquele dia em
particular – a decoração.
Ao
entrarmos percebemos que aquele espaço é um pouco de tudo, mas sem um conceito
100% definido – remete-nos para a ideia de bar à entrada, mas ao estar lá
dentro parece definitivamente um restaurante, acaba por ter um aspecto rustico
mas em simultâneo moderno, as refeições parecem ter um conceito de tapas e
petiscos mas quando vêm para a mesa nota-se um certo requinte… Em suma – dá
para todos os gostos!
O
espaço em si é um encontro equilibrado entre o tradicional português – com o
vinho exposto e as cordas a decorar o teto – e os conceitos modernos que se tem
vindo a conhecer nos novos espaços – cadeiras coloridas, elementos mais
modernizados – com um toque de requinte que se pode ver na forma como as mesas
estão postas.
Há
também alguns elementos que sugerem a cultura indígena, nomeadamente nas portas
das casas de banho (que infelizmente não tirei foto). Ao fundo, há um balcão
com alguns produtos expostos e onde se pode observar alguns pratos a serem
confecionados e preparados.
A sala
de refeições é de tamanho considerável e, como seria de esperar, a principal
clientela do estabelecimento são turistas. No entanto, visitei o Eating Bear
num Sábado ao almoço e o ambiente era bastante tranquilo – nada ruidoso nem
confuso – o que me deixou bastante satisfeita. No fundo, este é um daqueles
recantos da baixa onde se pode desfrutar de um bom vinho, de uma boa refeição,
sem se se sentir um estrangeiro no próprio país.
A Comida
O
Eating Bear oferece um menu bastante completo e com opções para todos os gostos
e todos os tipos de alimentação – vegans, vegetarianos, carnívoros, piscívoros,
gulosos (como eu), curiosos… todos encontrarão algo que os vai seduzir! Outro
aspecto interessante é que a ementa mistura pratos com origens portuguesas com
outras delicias características de outros países, acabando por ser bastante
diversificado em termos de gastronomias e dá a oportunidade de degustar
diferentes iguarias – até porque muitos dos pratos são justamente desenhados
para partilhar. Existe também o menu do dia, mesmo ao Sábado. Uma outra característica
particular do Eating Bear é que, uma vez que tem uma forte presença vinícula no
seu (des)conceito, há um menu de bebidas que oferece uma enorme variedade de
garrafas de vinho de diferentes regiões do país, mas também a oportunidade de
pedir vinho ao copo e harmonizar cada um dos pratos com os vinhos adequados – e
que o staff muito amavelmente vos ajudará a escolher. Contudo, como não aprecio
vinho, não vou aprofundar esta parte e deixo-vos o bichinho da curiosidade para
lá irem visitar e experimentar!
Iniciamos
a refeição com o Couvert que inclui pão, azeitonas pretas, doce de abóbora e
azeite de produção nacional. O pão e servido quentinho e crocante, muito bom
para abrir o apetite! O doce de abóbora vem com um pau de canela a servir de
colher, o que é algo bastante interessante. E o resto dispensa apresentações,
não é? São as clássicas entradas que toda a mesa portuguesa tem que ter!
O
primeiro prato que degustamos foi de peixe – o Ceviche tradicional de salmão. E
aqui, fugimos claramente dos típicos pitéus portugueses para dar um pulinho ao
Perú! Perfeitamente empratado, este prato oferece-nos uma porção generosa de
salmão marinado no molho típico de ceviche, bastante cítrico e com toques de
azeite, com cebola roxa picadinha, tomate cereja, alcaparras e decorado com
tiras finíssimas de pepino! Os pedaços de salmão na marinada estavam deliciosos
e sentia-se que o peixe era bastante fresco e tenro. Em termos de textura
estava maravilhoso! A única coisa que não gostei foi das alcaparras mas isso é
um gosto pessoal e não influencia em nada a qualidade do prato… que é
definitivamente nota 10!
Depois
fomos para a carne, e tivemos a oportunidade de fazer uma refeição que eu
queria fazer há imenso tempo e não tinha tido oportunidade – um fondue! Adoro a
ideia de termos a lamparina e a chapa na mesa e cozinharmos a nossa própria
carne enquanto convivemos, e de certa forma isso traz-me memorias de infância
pois quando era mais nova muitas vezes lá em casa juntava-se um grupo de amigos
e familiares e fazíamos carne na pedra – que no fundo é a mesma coisa. No
entanto a tradição perdeu-se… mas a saudade ficou!
O
fondue que pedimos foi o completo (go
hard or go home!) que incluía a carne de vitela, temperada com algo
bastante bom mas que não consegui decifrar o que era, e um prato com enchidos
(linguiça, morcela e farinheira) e gambas, estes já aquecidos e cozinhados, respetivamente.
A carne era maravilhosa, tenra e muito bem temperada! As gambas eram boas
também e provei o chouriço e a farinheira, mas a morcela deixei por provar
porque não é de todo para o meu palato.
Como
acompanhamento, veio uma salada, batatas assadas no forno e 3 molhos (maionese
de alho, mostarda e mel e molho de hortelã) para demolharmos as batatas ou
juntarmos à carne. Mas a carne brilhava por si só por isso foi maioritariamente
para as batatas!
Para
terminar em grande, claro que tinhamos de provar sobremesas! E antes de vos
mostrar as delicias que vieram para a mesa, devo confessar que fiquei
surpreendida pela maneira como a “carta das sobremesas” nos foi mostrada. Na
verdade, o menu inclui uma secção de sobremesas mas, assim que a nossa mesa foi
levantada após a refeição principal, a rapariga que nos estava a atender vio
com uma travessa com um exemplar de cada uma das sobremesas do restaurante e,
basicamente, apresentou-nos visualmente cada uma das delicias que nos tinham
para propor! Não é uma forma gira de escolher o docinho para terminar a
refeição? :b Além disso, deixo aqui mais uma nota – o empratamento das
sobremesas está super giro!
Ora,
começando com as gordices deliciosas que vieram ao nosso encontro… primeio
vou-vos falar do crumble de maçã! Todos nós já comemos crumble de maçã mas
confesso que este deve ter sido um dos melhores que comi A base era super
crocante, bem como a camada de crumble por cima, e a maçã derretia na boca! Foi
servido quentinho, como se quer, e só não lhe dou nota 10 porque faltava uma
bolinha de gelado para contrastar a temperatura… mas esta delicia brilha por si
só também!
Depois,
eis que chegou o chocolate oblivion! Com este nome, não é de surpreender que
seja também uma delicia decadente – afinal… tem chocolate! É uma espécie de
tarte mousse, muito chocolatuda, com o centro bem cremoso. Não é demasiado doce
(deve ser feita com chocolate negro) nem parece muito gordurosa (por vezes
estes doces têm tendência a saber a manteiga), o que foram pontos a favor! Este
bolo/torta/mousse é servido frio!
Para
terminar em grande (como se não tivesse sido decadente o suficiente até
agora…!) ainda degustamos a sobremesa com o nome maior – Caramelo umani com
pimeta rosa e flor de sal! Basicamente é uma pequena tarte com base de biscoito
de chocolate e cujo recheio é caramelo aromatizado com pimenta rosa e flor de
sal… ainda por cima vem servida quente,
com o caramelo derretido… Conseguem imaginar? O quão delicioso é? Têm mesmo de
provar!
O Serviço
O outro
preconceito que tinha em relação aos restaurantes da baixa era justamente no
serviço. Das experiências que tive, sempre senti que os turistas eram mais bem
tratados que os nativos. A minha satisfação não poderia ser maior quando
percebi que no Eating Bear não era assim. Fomos muito bem-recebidos, a carta
foi-nos explicada, bem como as harmonizações dos vinhos, os menus e tudo aquilo
que poderíamos precisar de saber. Sorrisos e simpatia não faltaram!
Em
termos de rapidez também não nos podemos queixar! A comida foi servida
prontamente, em perfeitas condições e muito bem empratada – o que é sempre
agradável – e não tenho um defeito a apontar. Claro está que… como pedimos
fondue, tivemos parte do trabalho a cozinhar eheh mas não é mesmo isso parte da
experiência? :b
Para terminar…
Se me
pedissem para descrever o que eu esperaria do Eating Bear antes de entrar e
experimentar, certamente não iria usar muitos dos adjectivos que usarei para
descrever esta experieência! Foi uma (muito) agaradável surpresa, que me deixou
bastante satisfeita e feliz, e também com vontade de regressar e de recomendar
a todo o mundo que lá vá – porque realmente vale a pena!
O único
ponto menos bom, que tenho de ser honesta e falar sobre ele, é o preço. Os
preços são realmente um pouco elevados mas, se apanharem alguma promoção (por
exemplo Zomato gold ou no The Fork – e não, não sou patrocinada por eles!)
acaba por compensar e muito! Por isso, se tiverem curiosidade, experimentem e
eu sei que, tal como eu, não vão sair nada desiludidos!
2 comentários
Não conheço o restaurante, mas tenho uma apresentação diferente e convidativo.
ResponderEliminarEm relação à gastronomia...hum, deixou água no bico.
Os Piruças tem de experimentar.
Cumprimentos
Os Piruças
Este foi daqueles restaurantes que escolhi sem grandes expectativas e me surpreendeu muito! Recomendo! E tem boas promoções no The Fork por isso os Piruças têm mesmo que experimentar :D
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