E agora quero que vocês venham comigo nesta viagem!

                Situa-se entre o Campo Pequeno e a Praça de Espanha este pequeno mundo chamado Casa Nepalesa. Digo pequeno mundo porque, na verdade, a experiência começa logo à entrada. A fachada do edifício esconde uma pérola que é realmente fascinante – apenas as letras grandes na parede identificam o restaurante.

                Ao entrar, sentimos logo que estamos a passar para um outro lugar – o ambiente é escuro, sóbrio, mas nada pesado. É quase como se entrássemos num templo! As portas são trabalhadas com elementos religiosos que remetem à cultura Hindu, as paredes são forradas a pedra, as cadeiras cobertas por almofadas com aspeto muito rústico, a madeira dos móveis é escura… Todos estes elementos, ao contrário do que possam imaginar, fazem-nos sentir quase que em casa, mas num país diferente.

                Por outro lado, em oposição a todos estes pormenores mais tradicionais, as mesas são postas com muito requinte – os individuais são trabalhados, os copos de pé alto, talheres muito bem posicionados, os guardanapos estão estendidos na mesa com o logotipo do restaurante e ao lado da mesa o suporte para as bebidas.

                A sala em si não é muito grande, mas tem ainda bastantes lugares. Ao fundo, está um pequeno balcão onde estão expostas as bebidas e onde há uma ligação para a cozinha (que não conseguimos ver).

                Nunca estive no Nepal, nem em nenhum sitio semelhante mas confesso que o ambiente do restaurante torna logo a experiência ainda mais mágica!

                A comida Nepalesa é fortemente influenciada pelos sabores da Índia (não é por nada que a maioria dos restaurantes nepaleses em Lisboa são também indianos). No entanto, diria que a Casa Nepalesa explora sabores mesmo tradicionais do Nepal. O menu é longo e tem diversas opções, desde as carnes, peixes e mariscos aos pratos vegetarianos, com ou sem picante, com ou sem molho… o difícil mesmo é escolher!

                Para começar, serviram-nos logo uma travessa com os diversos molhos para colocarmos nos pratos. Não vos sei dizer os nomes, no entanto posso dizer-vos os sabores e o grau de intensidade do picante (da esquerda para a direita) – pasta de malagueta (muito picante!), um molho agridoce (nada picante), molho de iogurte e hortelã (nada picante e super fresco), e um molho de tomate (que é ligeiramente picante – e foi o que eu mais gostei!).

                De seguida, trouxeram-nos o couvert da casa – que mais uma vez, não vos sei dizer os nomes mas vou deixar-vos a descrição do que são. O “croquete” é feito de batata e outros legumes triturados com muitas especiarias, e depois é frito. Vem bastante sequinho e é muito condimentado, mas não é picante! O “pastel” faz lembrar os dumplings chineses e pareceu-me ter sido cozido a vapor. É recheado com carne de porco e tem bastante açafrão! Gostei bastante de ambos!

                Como vos disse anteriormente, uma vez que o menu é muito extenso, o difícil mesmo é fazer a escolha do que provar pois tudo parece delicioso! É por essa razão que existem os menus de degustação, não é? Eheh, pois é, a Casa Nepalesa tem um menu de degustação para duas pessoas, com um preço simpático, e que nos dá uma perspetiva ampla do que são os sabores deste país! Inclui 5 pratos diferentes (1 de carne e 4 vegetarianos) e o arroz a acompanhar e… digo-vos, vem bastante bem servido! Um outro detalhe é que podem escolher a intensidade do picante ou até sem picante. Nós optamos pela intensidade média mas confesso que não achei picante demais, até podia ser um bocadinho mais forte que não me ia importar… Mas vamos então dissecar este menu de degustação.

                Começando pelo prato de carne, é uma espécie de ensopado de cabrito nacional (e suponho que o nacional signifique de Portugal e não do Nepal!), com várias especiarias! O corte da carne vem com osso e ela vem muito bem cozida pois desfaz-se! É um prato de conforto, aconchega e sabe muito bem!

                Depois, veio também um caril de lentilhas. As lentilhas estão muito associadas a esta região do planeta e eu confesso que apesar de gostar muito, raramente as como. Por isso, ter a oportunidade de comer lentilhas, ainda por cima bem confecionadas, deixa-me muito feliz! O caril estava maravilhoso! O molho misturado no arroz era uma delicia!

                Além do caril de lentilhas, veio também um caril de legumes com queijo paneer! Em termos de sabores a especiarias, era muito semelhante ao caril de lentilhas, mas o paneer deu-lhe um toque extra de sabor… E eu que adoro queijo não ia resistir, não é?
                  Os dois outros pratos são mais estilo acompanhamento. O primeiro são espinafres salteados, que não têm molho e vêm com uma espécie de cracker a decorar. Têm sabor forte a cominhos pelo que quem não gosta… é de evitar. Mas como eu gosto, adorei!

                O segundo – e confesso que foi uma surpresa muito boa e foi dos pratos que mais gostei! – é o chutney de tomate. Basicamente um refogado de tomate, cebola e outros vegetais, com especiarias. É, literalmente, uma explosão de sabores deliciosos na boca!
                  Ora… como não podia deixar de ser, tínhamos de experimentar as sobremesas também… e não é que existe também um menu de degustação de sobremesas!? Melhor é impossível! Este é também para 2 pessoas e inclui 3 das sobremesas mais icónicas da gastronomia servida na Casa Nepalesa e vale muito a pena experimentar! E consegui descobrir os nomes delas! Vou passar a apresentar-vos…!

                Começando pelo Rasbari – são bolas de leite fritas, embebidas numa calda de açúcar e servidas com essa calda, coco ralado e frutos secos. Ao contrário do que parece, são bem cremosas por dentro e a bolinha em si não é muito doce, o que adoça é a calda que, além de açúcar, também tem especiarias!

                Depois, o Dugdhamalahi – um pudim cor de rosa adorável, com base de natas, decorado com uma calda de frutos vermelhos e frutos secos picados por cima. E ainda vem com o pormenor de uma pequena “escultura” de caramelo por cima! Não é linda? E além de linda… é muito saborosa, esta sobremesa. O pudim em si tem uma textura fantástica e é muito docinho. O acido dos frutos vermelhos corta um pouco esta doçura e equilibra os sabores. É mesmo muito bom! 

                Por fim, o Khira – que é um arroz doce típico da região, bem diferente do nosso. Primeiro é muito mais líquido, e vem servido com frutos secos por cima. Depois tem muito mais especiarias que canela na sua composição, tornando-o mais rico em sabores. Gostei muito também!

                A maior parte do staff a receber os clientes e a atender às mesas não é português e usam vestes tradicionais como uniformes, o que torna a experiência ainda mais autêntica. Apesar disso, o seu nível de português é muito bom! Simpatia não lhes falta e muito amavelmente explicam todos os detalhes dos pratos e do menu. Além disso, têm o cuidado de servir a água e o vinho quando reparam que o copo está vazio, perguntam se está tudo do nosso agrado… enfim, aqueles pormenores que sem dúvida melhoram muito a experiência num restaurante e fazem o cliente sentir-se muito bem-recebido!

                A nível de eficiência também não tenho nada a apontar. Pouco depois de chegarmos trouxeram o couvert (que podem recusar, mas é prática eles trazerem à mesa!), e as bebidas vieram de imediato. No menu, diziam que o menu de degustação levava 20 minutos a ser confecionado, mas acredito que não esperamos 20 minutos até a nossa refeição chegar! O mesmo para a sobremesa que veio muito rápido!

                E para fechar a experiência em chave de ouro, quando saímos foram abrir-nos a porta e despediram-se (sim, mais do que um dos membros do staff!) de nós com uma saudação… foi fantástico!

              

                 Há muito tempo que não saia tão satisfeita de um restaurante e confesso que fiquei com vontade de voltar o mais rápido possível. O ambiente, o serviço e a comida maravilhosa tornaram esta visita uma experiência maravilhosa – ainda para mais, esta ida à Casa Nepalesa foi a celebração do aniversário do meu Pai e por isso eu queria que tudo fosse perfeito. E foi!

                Além disso, os preços não são demasiado elevados. Ter um serviço de extrema qualidade com preços mais equilibrados é quase impossível e este espaço oferece isso mesmo! Não é de admirar que encha rapidamente…! Aconselho muito a vossa visita e aconselho também que façam reserva de mesa quando forem! Não se vão arrepender!