[#Reflexão] Porque é que as dietas não funcionam? - Opinião de quem não percebe nada do assunto
28.10.19
Celebrou-se
no passado dia 16 de Outubro o dia da alimentação – o motivo perfeito para
promover a alimentação saudável, um estilo de vida activo, escolhas sensatas e
inteligentes, de forma a diminuir o risco de doenças e aumentar a qualidade de
vida.
Até aqui,
está tudo certo. Isto é, de facto, muito importante e deve ser feito – mas com
conta, peso e medida, e muito bom senso à mistura. Acho que esta altura é
também aproveitada para haver uma espécie de guerra indireta sobre qual a dieta
que é mais eficiente, havendo troca de galhardetes sobre benefícios e malefícios
de determinadas escolhas alimentares em deterimento de outras.
É
nestas alturas em que agradeço não ser nutricionista. Acho que deve ser a ciência
menos exacta que existe. É um paradoxo, mas ao mesmo tempo é muito simples
resolver um problema relacionado à nutrição. Isto porquê? Porque a resposta a
qualquer pergunta que se faça no campo nutricional tem a mesma resposta:
Depende. Depende da qualidade, quantidade, disponibilidade, gosto pessoal,
recursos, características individuais… depende de questões culturais e sociais…
Essencialmente, depende.
“A dieta baixa em gordura é mais eficiente que a baixa em açúcar?” Depende.
“Comer carne de vaca causa cancro?” Depende.
“Se eu comer uma dieta rica em proteínas vou ficar super híper musculado/a?” Depende.
Depende
sempre de algum fator.
Algo
que tenho observado também (e infelizmente aqui entra a minha experiência
pessoal, que vivi na minha pele) é que todas as dietas funcionam… e todas as
dietas funcionam mal. Mais uma vez, os resultados são relativos. Todos nós
temos aquele amigo ou amiga que só come “porcarias” e é magríssimo/a, e temos alguém
que se queixa de ganhar 10 kg a comer uma folha de alface. Porque é que isso
acontece?
Tanto o
excesso de peso como o baixo peso são dois extremos de uma mesma situação, excetuando
as questões patológicas, como distúrbios hormonais ou doenças oncológicas que
podem levar o peso a ir aos extremos, e os casos de obesidade infantil que eu
diria que são um reflexo da (má) educação alimentar. Em nenhum dos outros casos
as mil e uma dietas que existem parecem ser eficientes – pelo menos a longo
prazo. E porquê?
Porque o problema não é a comida.
Na
verdade, a comida, nestes casos, é mais a solução, ou o coping mechanism, para problemas que queremos esconder ou não
sabemos ultrapassar.
Isto é muito mais fácil de
entender falando em situações de baixo peso: Ninguem quer passar fome, é
absolutamente contranatura. Então porque é que há pessoas que sofrem de
anorexia? Porque é uma forma (muito má) de lidar com questões emocionais. Dá a
sensação de controlo que uma pessoa perde em outros aspetos da sua vida, e
portanto esta restrição acaba por ser um coping
mechanism. Claro que é fácil dizer a uma pessoa com anorexia para comer,
que é a solução. Não é, de todo. E é precisamente por isso que há tantas recaídas,
é por isso que as hospitalizações não são tão eficientes quanto deveriam ser: o
problema não é a comida. O problema é emocional. Enquanto não se resolver o
problema emocional, não vai haver dieta que funcione. Quando o problema
emocional estiver controlado, não há necessidade de haver um plano alimentar.
O mesmo raciocínio se aplica em
casos de excesso de peso: a origem destas situações é geralmente emocional, e o
coping mechanism neste caso é comer,
pois este traz o conforto e o prazer que falta noutras áreas da vida do
individuo. E porque é que as dietas não funcionam a longo termo? Porque o
problema emocional que leva a este comportamento não está resolvido.
Desta forma, promover a dieta X,
Y ou Z de nada servem nem mesmo se aquela estrela do Instagram diz que é a
prova viva dos seus resultados. Não é por comeres produtos híper proteicos das
marcas da moda que vais ter o teu corpo de sonho. Isso é utópico e a “dieta” é
um negócio.
Ter um “corpo de sonho” é ter um
corpo feliz, nutrido, no qual mora uma pessoa que se aceita e que se ama. Nesta
sociedade em que se vive de aparências, temos de ser céticos e questionar tudo
o que vemos.
Falo por experiência própria:
pensei que cortar nas gorduras, nos açúcares e tudo mais me iria dar um corpo
de top model e me fazer sentir mais
feliz mas acabei quase a matar-me, a sentir-me miserável e sem qualquer vestígio
de emoção. Isto porque me agarrei a algo que é muito divulgado como milagroso
para tentar resolver questões da minha vida que nada têm a ver com alimentação
e acabei numa situação mil vezes pior.
É importante questionarmo-nos
porque tomamos determinadas decisões. “Isto é para meu bem, ou estou a fazê-lo
por desespero?” “Porque me sinto insatisfeito/a?” “Será a dieta a solução
ideal para o meu verdadeiro problema?”.
Acredito que, se formos mais
felizes no interior, isso se manifestará no exterior também: num corpo saudável
e radiante. Não é preciso sermos infelizes a deixar de comer aquilo que
gostamos só para termos abominais definidos ou menos uma gordurinha aqui e ali.
A natureza é perfeita e se o teu corpo tem naturalmente a forma X ou Y é porque
foi assim que foi desenhado.
Aceita o teu corpo.
Ama-te.
E não te deixes levar por modas.
4 comentários
Concordo contigo :)
ResponderEliminarBeijinhos :*
omundodapequeninaaa.blogspot.com
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEu honestamente não acredito muito em dietas... Acredito sim na boa alimentação que devemos ter e nos benefícios que esta, em conjunto com algum exercício, podem trazer para o nosso corpo!
ResponderEliminarBeijinhos, I'm Patrícia Silva Blog!!
Sempre gostei muito de comer, não como de tudo e tenho dificuldade em fazer uma alimentação equilibrada, mas tento (risos). Já passei por períodos complicados e um deles fez me perder muito peso (mas a barriga continuava lá), o emocional afeta demais o nosso organismo, não adianta tentar emagrecer ou engordar se não estamos bem por dentro!
ResponderEliminarUm beijinho enorme **
https://bauderecordacoes24.blogspot.com/