Um dia, já há alguns largos meses, estava a ver uma reportagem sobre pessoas que tornavam as suas salas de jantar em pequenos restaurantes, que serviam jantares a pequenos grupos privados.

Seria impossível fazer isto nestes tempos que vivemos agora. No entanto, um dos conceitos que mais me chamou a atenção nesse programa saiu da cozinha de casa e mudou-se para uma cozinha profissional!

O seu nome é Ajitama, e levo-vos hoje comigo nesta viagem!

 

O Ajitama situa-se na zona das picoas, numa esquina bem visivel e que chama bastante a atenção com a sua decoração diferentes das demais fachadas da rua. Por outro lado, a esplanada exterior do restaurante é bem mais discreta, o que é algo bom pois dá privacidade aos clientes que dela usufruem.

O espaço interior é sóbrio, a mobília é minimalista e as cores escuras predominam, mas com um propósito: dar destaque às construções de madeira que adornam o tecto. Apesar de minimalista, os elementos japoneses estão presentes no espaço, especialmente nas cortinas de pano que fazem a separação da zona da cozinha e das casas de banho da restante área comum.

A sala de refeições não é muito grande. Por isso, o espelho que cobre uma das paredes de alto a baixo faz muito bem o seu serviço de causar a ilusão de aumento do espaço. Ainda assim, acho que a dimensão da sala é adequada ao restaurante.

O ambiente é tranquilo e relaxado. Um detalhe interessante é que as mesas são postas com um guardanapo, pauzinhos e uma colher de madeira – a forma tradicional de comer ramen!

 

O restaurante autoproclama-se um “Ramen Bistro”, e, evidentemente, trata-se de um restaurante japonês especializado em Ramen, prato este que domina na carta de refeições. Para quem não conhece, Ramen é essencialmente uma sopa feita com noodles. Ainda assim, para quem não aprecia muito Ramen, pode optar por outros pratos japoneses como o caril japonês, ou deliciar-se com as entradas, garantido apenas que deixa um espacinho para a sobremesa! Além disso, sabiam que Ajitama é o nome que é dado a um ovo que é marinado em molho de soja por 24 horas e servido a acompanhar o Ramen?

Mas falando do que realmente importa… Para entradas, chegaram à mesa umas Gyozas Vegetarianas. Essencialmente, são bolinhos recheados com diferentes vegetais que são cozidos a vapor e de seguida passados numa frigideira bem quente, pelo que a sua base fica tostada. Assim, o contraste do crocante com o “mole” da massa são os aditivos perfeitos para a explosão de sabores que é o interior. Foram, sem sombra de duvida, as melhores Gyozas que comi! Para as elevar ainda mais, só mergulhando no molho à base de soja que vem a acompanhar!

Tive também a oportunidade de provar 3 ramens – entre os quais (o ultimo que vou falar) devorei por inteiro pelo que tenho uma opinião mais definida. Começando pelo Shoyu. Este é um Ramen quente, com caldo de galinha e molho de soja, com um sabor muito suave. Vem com um ovo Ajitama, fatias de barriga de porco, e diversos vegetais entre eles tomates assados! É talvez a escolha mais segura para quem não está acostumado a sabores asiáticos, ou para quem não goste de arriscar muito. Mas é mesmo muito bom!

De seguida, veio o Spicy Miso que não só é quente pois o caldo é quente, como também aquece devido ao seu toque picante! O caldo tem como base o miso, e é bastante picante, pelo que não recomendo a quem não tolera picante, mas quem gosta deve mesmo arriscar! Também é acompanhado com o ovo Ajitama, barriga de porco e carne picada picante, além de diversos vegetais. É mesmo rico em sabores!

Por fim, provei (e devorei) o Ramen que vem descrito como ideal para dias quentes – como era o caso do dia em que visitei o Ajitama. Chama-se Hiyashi Chuka e é um prato servido frio e com muito menos caldo que os demais, tendo apenas um molho que envolve e condimenta o prato todo. Os toppings também são frios, e incluem tiras de peito de frango, tiras de omelete, camarão, vários legumes crus, pickles de gengibre, o famoso ovo, e um pouquinho de wasabi. Dos três, foi o que gostei mais, até porque sendo um prato mais fresco e leve, se adequava mais à estação do Verão!

Para sobremesa, provei duas das tartes que brilhavam na ementa. A tarte de abóbora Hokkaido, cuja textura lembrava uma queijada, era deliciosa! O sabor a abobora era evidente, mas notavam-se ainda os sabores de raspa de laranja e da canela que foi colocada sobre a tarte e a decorar o prato.

 

Gosto de restaurantes em que o staff é dinâmico, simpático e interactivo. O Ajitama cumpre estes três requesitos. A equipa é jovem e muito atenciosa, e faz com que o cliente se sinta em casa.

Achei, contudo, o serviço um pouco demorado. Compreendo (e até apercio) a demora na elaboração das gyozas e dos ramens, pois é sinal que tudo é elaborado na hora, mas não compreendi a demora nas sobremesas. Pensei que também elas eram feitas na hora, ou tivessem algum elemento feito no momento, mas baseando-me apenas no que vi no prato, diria que são sobremesas preparadas anteriormente, sem grandes pormenores no empratamento, e por isso não consigo idealizar uma justificação plausível para a demora. Ainda assim, é um serviço agradável.

 

Para terminar…

Se gostas de explorar sabores asiáticos e queres conhecer o que existe na gastronomia japonesa para além de Sushi, o Ajitama é um excelente local para alargar horizontes. A comida é deliciosa, o staff é atencioso e o espaço é uma autentica obra de arte!

Os preços podem ser um pouco elevados, mas na minha opinião são justificados pela qualidade e quantidade de comida servida por dose. Posto isto, recomendo sem duvida uma visita ao Ajitama!