[#Recuperação] O luto ao meu thigh gap
18.6.20Porquê? Não sei. Não faço ideia de quem considerou que seria boa ideia incentivar as mulheres a ambicionar a que as suas coxas não se tocassem, sem que andassem de perna aberta.
Sempre
achei que favorecia as curvas femininas, apesar de ser um pouco contra-natura.
Qual é a função biológica deste vale de células musculares e adiposas que não
querem entrar em contacto? Também não sei.
O que é
facto é que, uma vez que pratiquei desporto durante muito tempo e a minha
genética assim o ditar, ter um thigh gap não era algo natural no meu
corpo. Bem, pelo menos não era, até eu perder peso.
Quando
comecei a perder peso, além de outras coisas, adorava esta característica que
eu tinha adquirido. Por alguma razão achava que o meu charme se limitava a este
espaço oval que tornava possível “ver através de mim”. Mas a verdade é que à
medida que o meu peso foi descendo, este espaço foi aumentando, até que as
minhas pernas se tornaram ossos, e este buraco deixou de ser elegante e passou
a ser assustador.
Eu era a única que não via isso.
Ainda achava fabuloso conseguir
abraçar entre os polegares e os indicadores a parte mais larga da minha coxa.
Achava-me a maior. Tinha conseguido aquilo que queria – doentiamente – e não
estava preparada para prescindir disso.
Mas tive de o fazer.
E custou-me. À medida que o meu
peso ia aumentando, a forma das minhas pernas ia mudando. Lentamente, em redor
dos meus ossos foi crescendo músculo e gordura, e isso, claro, ocupa espaço.
Espaço aquele que eu idolatrava.
Perdi aquela conquista.
E durante algum tempo achei que tinha perdido tudo.
Porque é que deixei que algo tão
fútil dominar-me de tal modo que achei que a minha beleza, o meu valor, a minha
força, se resumia a algo que nem tem tradução em português? Eu sou mais do que
isto. Eu sou mais do que o meu corpo.
Passei uma fase de luto. Senti-me
triste por perder esta característica do meu corpo… mas a verdade é que essa característica
simbolizava a doença em todas as suas dimensões: física, psicológica,
emocional. Demorei a perceber que aquele traço não me trazia beleza, nem
satisfação, nem segurança, nem bem-estar. Não me acrescentava absolutamente
nada.
E agora passo-te o testemunho. Alguma
vez sentiste algo assim? Alguma vez fizeste o luto em relação a alguma característica
do teu corpo? O que sentiste? Como superaste?
6 comentários
Patty eu não fazia ideia que se chamava thigh gap. Já contribuíste para um novo conhecimento hoje!
ResponderEliminarEu acho que nunca tive thigh gap :( A minha irmã anda na luta para isso ahaha
É daquelas terminologias que nem vale a pena conhecer pois, se pensarmos bem, é só uma mania eheh
EliminarDe qualquer das formas, não faz falta! Por isso não te preocupes e tenta convencer a tua sister a não se preocupar tambem ;)
Um beijinho*
Eu não fazia ideia que isso existia. Sempre fui muito magra toda a adolescência e lutei muito para engordar porque gozavam comigo na escola. Agora é ao contrário, que isto aos 40 o metabolismo já não é igual hehe
ResponderEliminarOu seja acho que já tive mas já não tenho esse espaço e sinceramente não me faz falta. O que mais me incomoda confesso que é a zona abdominal, depois de duas gravidezes e uma já tarde não volta ao mesmo nem com milhentos abdominais!
Beijinhos,
Vanessa Casais
https://primeirolimao.blogspot.com/
Olá minha querida!
EliminarO meu lado racional diz que estas coisas como o "thigh gap" e outros pormenores do corpo que levam às pessoas à obsessão são completamente dcesnecessários! O meu lado emocional discorda mas para aqui não é chamado eheh
Por outro lado, penso que deves olhar para o teu corpo com orgulho pois já gerou duas crianças e não há nada mais maravilhoso que isso!
Um beijinho*
Eu também já acrescentei conhecimento ao meu dia.
ResponderEliminarNunca soube sequer que este espaço podia existir. Eu nunca fui muito magra, nem gorda. Era a chamada jeitosa com curvas e onde agarrar.
Agora? 🤔
Olho para mim e digo: "para a idade que tenho, estou ótima!" (sempre gostei muito de mim)😃
E é assim que tem de ser: gostarmos de nós!
Fica bem!
Beijinhos
Liliana
Esse "espaço", digamos, não devia sequer ser o objectivo de ninguem... nem faz sentido!
EliminarDevemos gostar de nós como somos, e por isso te aplaudo por teres uma boa auto-estima! Eu também chegarei a esse ponto eheh Preciso de trabalhar um pouco mais.
Um beijinho*