[#Reflexão] Quando a vida nos dá um abanão... (Desabafo)
14.1.18
Já passaram alguns dias desde o
início do ano e eu devo confessar que o meu não começou da melhor maneira.
Todos nós temos um ponto fraco -
um aspeto da nossa vida que, quando tocado, nos manda completamente abaixo de
forma irracional e brutal.
No meu caso, é a saúde.
Desde pequena que qualquer
alteração no meu corpo, por muito banal ou simples que seja, me deixa em
pânico. E não estou a exagerar – eu realmente entro em pânico. Isto tem a ver
com um trauma que tive enquanto criança, e por muito que eu tente racionalizar
as coisas, simplifica-las ou alivia-las para meu próprio bem, quando se trata
de saúde não consigo ser racional nem sensata.
Isto tem duas repercussões
grandes na minha vida: primeiro, evito fazer exames, e depois, quando há alguma
coisa que não está bem, ando compulsivamente à procura do porquê na internet… e
é um bocado obvio o resultado destas pesquisas. Sim, admito, sou muito hipocondríaca.
Já me autodiagnostiquei com as
coisas mais extremas que possam imaginar. Curiosamente, normalmente acabo
sempre por concluir na minha estupidez que tenho um tumor, o que, até agora e
espero que assim continue, não se comprovou. Mas todas estas loucuras deixam-me
desconfortável, preocupada e a sentir miserável. Esta também é a principal
razão pela qual eu sofro de ansiedade e ataques de pânico.
Penso que 2018 me está a tentar
ensinar alguma coisa relativa a este meu problema. O ano passado, como já falei
anteriormente, escrevi e defendi a minha tese de mestrado. Foi um período extremamente
difícil e stressante, principalmente porque estava constantemente a exigir
demasiado de mim. Foi uma fase muito desgastante quer mentalmente, quer
emocionalmente… e também fisicamente. O meu corpo começou a assinalar que algo
não estava bem. Claro está que eu, ao início, fiquei bastante preocupada. Mas
eu tinha depositado toda a minha atenção e tempo na minha tese e acabei por
negligenciar esses sinais que o meu corpo me deu.
Demorei 5 meses até ir ao médico.
Na verdade, já estava convencida que o meu corpo estava a manifestar sinais de
stress e que, agora que a fase negra tinha passado, tudo iria normalizar, mas
decidi ir por descarte de consciência. Fiz análises e uma ecografia, mas
esperava que tudo viesse normal
Não veio.
E o ciclo repetiu-se.
Comecei a pesquisar. A ver na
internet o que as alterações significavam, e que implicações tinham. Isto
levou-me a ainda mais stress e a uma obsessão acerca deste tema. Fiquei
infeliz, e na verdade ainda o estou. Ainda estou preocupada também. Quando fui
mostrar os meus exames à minha medica, ela não me disse nada de novo e
infelizmente confirmou as minhas suspeitas, apesar de ter tido de repetir os
exames (os quais ainda estou à espera de resultados).
Caiu-me tudo aos pés.
Senti-me perdida e desesperada.
Eu, que apesar de tudo, tento tratar o meu corpo como um templo, comendo bem e
fazendo exercício. A única coisa que não consigo controlar bem é a minha ansiedade
mas de resto sigo sempre um estilo de vida bastante equilibrado. E de repente puf…
Tive uns dias a questionar se
valia a pena ser tão exigente comigo no que toca ao meu estilo de vida – afinal
o meu corpo queixou-se de qualquer forma e não está em equilíbrio. Depois
pensei que se calhar se não fosse esse estilo de vida agora estaria bem pior.
No entanto, tenho 23 anos e
provavelmente vou acabar a tomar mais medicação que os meus pais juntos. Porquê
eu? Porquê agora? Eu não quero ser escrava de drogas para o resto da vida. Eu não
quero estar doente. É um compromisso muito grande pedir a alguém que está no
inicio da vida que adote um comportamento até ao fim dos seus dias. E que repercussões
terá isso no meu futuro?
Tenho demasiadas questões na
cabeça. Aposto que qualquer pessoa que tenha enfrentado alguma doença/síndrome/problema
com o seu corpo se questionou da mesma forma. Mas aos poucos vou-me apercebendo
que não posso deixar isto consumir-me. Tenho de manter-me firme seguir em
frente e vencer mais este obstáculo. Se calhar, quando receber os novos exames
vêm todos normais e vou rir-me desta parvoíce toda. Mas para já, não consigo
por a preocupação de lado.
Mas há que manter a esperança,
não é? Tudo vai correr bem.
(Falar sobre isto tem sido complicado mas a verdade é que precisava de arrancar isto do peito)
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