Esta não é, de todo, a abordagem mais convencional para uma reflexão sobre questões mais sérias ou o motivo mais lógico para uma conversa motivacional, mas a verdade é que um Quiz do Buzzfeed fez-me pensar bastante sobre a minha vida e sobre algo que, por vezes, me incomoda bastante.

O resultado que obtive foi:

                E a verdade é que isto é, de facto, um medo meu. Consciente e inconscientemente, eu tenho um certo complexo de inferioridade que, na maior parte das vezes, consigo manter sob controlo mas que, de vez em quando, me mantém sob controlo a mim.

                Isto não é algo novo. Na verdade, acho que sempre tive este complexo e, de certa forma, também é resultado de algumas coisas que fui ouvindo e sentindo enquanto crescia. Sempre fui uma miúda mais tímida, introvertida e muito sensível, e sempre houve gente que associou estes traços da minha personalidade a incapacidade. Desde gente da minha família que me considerava “atadinha” até ao facto de eu ter consciência que algumas coisas que me acontecem e que para mim são desafios do tamanho de montanhas, para a maioria das pessoas nem sequer são desafiantes, acabei por me sentir grande parte da minha vida inferior.

                O problema da inferioridade não é, na minha opinião, sentir-se inferior. O problema é quando as coisas boas começam a acontecer, e as pessoas começam a reconhecer o nosso trabalho, acabamos inevitavelmente por nos questionar “Será que isto é mérito meu ou só tive sorte? Será que tiveram pena de mim? Será que não havia mais ninguém para esta posição?”

                Aceitar que algo de bom acontece porque tenho mérito, porque sou responsáveis e o meu trabalho é reconhecido ou porque sou realmente bom no que faço é difícil. Nos últimos tempos têm-me acontecido muitas coisas que me fizeram questionar-me vezes sem conta sobre precisamente este assunto – a defesa da minha tese, a minha nota final de mestrado, a minha entrada no doutoramento, o facto de ter ganho uma bolsa… - Parte de mim acredita que foi o meu trabalho que foi reconhecido e que eu fui merecedora de todas estas coisas boas, mas muitas vezes dou por mim a pensar que foi a minha sorte, foi a pena e foi o facto de não haver mais ninguém que fizeram com que estas conquistas chegassem até mim.

                Eu sou muito injusta comigo própria… Orgulho-me de ser humilde o suficiente e não deixar estas vitorias subirem-me à cabeça mas não me dou o devido mérito e tenho plena consciência disso. Tenho de me dar valor e crédito pelas coisas que eu alcanço porque eu sou capaz, eu sou boa naquilo que faço, eu tenho mérito, eu sou responsável e eu não sou inferior a ninguém. Agora só me falta acreditar a 100% nisto.

Se mais alguém se identifica com esta situação, está na hora de nos darmos mais credito e mais amor, e ficarmos orgulhosos de cada vitoria, por mais pequena que seja, e permitirmo-nos aceitar de braços abertos que somos merecedores de coisas boas. Com isto tudo, não quero dizer que nos temos de tornar arrogantes – nada disso! Mas não nos podemos rebaixar ou questionar o nosso valor. Nunca!