[#Reviews] Tasting Lisboa: Segundo Muelle

2.9.18


                Quando penso em América do Sul e na sua gastronomia, vem-me logo à cabela as churrascadas, a picanha, o arroz com feijão, aqueles nacos de carne bem grandes que se vêm associados ao Brasil e à Argentina… Mas, tal não foi a minha surpresa quando, ao arriscar e ir experimentar uma gastronomia que não conhecia de todo – a do Perú – nem um churrasco de perú me serviram? (desculpem o trocadilho… mas não resisti!)

                Enquanto pesquisava por um sitio novo e diferente para ir com o meu pai, mais uma vez, encontrei o Segundo Muelle – um restaurante tipicamente Peruano, que parecia ter boa comida, bom ambiente e nos iria oferecer mais uma viagem pelo mundo. Confesso que pouco ou nada sei sobre o país – sei que é parte da América do Sul e julgava saber que tipo de comida serviam. Apenas acertei na primeira parte!
                Mas foi uma agradável surpresa saber que 80% da carta do Segundo Muelle é composta por pratos de peixe – e logo eu que adoro peixe! Quanto ao nome do restaurante, fiquei sem saber se era “Segundo Muelle” por haver um primeiro Muelle (o que quer que isso seja), ou se era “Segundo Muelle” por seguir directrizes definidas por Muelle (quem quer que seja). Mas deixemo-nos de filosofias!


O espaço

                O Segundo Muelle fica no Cais do Sodré, numa esquina da praça Dom Luis, ao pé do Mercado da Ribeira. Requinte é a palavra de ordem dentro daquele restaurante. As mesas estão impecavelmente postas, a decoração é simples e sofisticada, com elementos remetentes ao mar (o candeeiro com cordas que lembram os barcos é qualquer coisa de fantástico e muito bem conseguido!) e o ambiente muito tranquilo e agradável, tal como se quer e se gosta!
                Nós fomos a um sábado, um pouco antes das 13h, e só começou a ter mais movimento mais perto das 14h, mas mesmo assim não encheu. Um outro aspeto curioso é que, basicamente, temos uma pessoa a servir por mesa – ou pelo menos assim me pareceu – o que é, basicamente, um luxo!
                Uma outra coisa que me chamou a atenção é que o espaço tem muitas janelas pelo que entra bastante luz natural – aliás, as mesas para duas pessoas são, na sua maioria, junto às janelas, com um dos assentos no beiral da janela e eu gostei bastante desse pormenor!


A comida

                Como disse, a maioria da carta é comporta por pratos de peixe: Ceviche, tartar… mil e uma formas de cozinhar peixe, cada uma com a sua inspiração pois, ao que parece, a gastronomia peruana resulta de uma fusão de diferentes influências – desde a oriental à mediterrânica! Há também alguns pratos de carne (que não irei falar pois… bem, não provei nenhum!), sobremesas e um menu interessantíssimo de bebidas.
                Os couverts são trazidos à mesa sem pedir – mas podem ser recusados. Nós não recusamos pois queríamos experimentar tudo! Trouxeram-nos, primeiramente, pão de zapallo loche (que é uma abobora peruana) e quinoa, com manteiga de salicórnia, togarashi e alho! À primeira vista, parecia guacamole com piri piri ou paprica por cima mas a aparência engana! Mas em termos de sabor… Yum! E os pãezinhos vieram quentinhos… como resistir!?
                A outra couvert foi Chifles com Molho de Aji Amarillo e Cancha. “E o que é isso?”, perguntam vocês e muito bem! Chifles são chips de banana pão frita – cortadas em tiras extremamente finas e temperadas com sal. Nunca tinha provado banana pão mas é muito estaladiço e não sabe nada a banana! O Cancha é uma variedade de milho tradicional do peru, que é também frito e temperado com sal, e é extremamente crocante! Sabe a pipocas salgadas mas, na minha opinião, ainda melhor! O molho de Aji Amarillo é feito com uma malagueta amarela, pimento amarelo e sumo de lima. Não é muito picante mas é muito bom e combina bem com as chips de banana pão!
                De seguida chegaram as bebidas e eu vou falar delas pois aparentemente são duas bebidas típicas do Perú. O meu pai pediu um Pisco – feito com uma aguardente peruana, sumo de lima e clara de ovo, que tem um sabor parecido a uma caipirinha! Um facto curioso que não tem nada a ver com o assunto é que o meu pai às vezes me chama de pisco eheh.
                Para mim, veio um Frozen (que no fundo é um granizado) à Segundo Muelle. Verdinho, fresquinho e muito deliciosinho! É feito à base de hortelã e de lima, e é realmente refrescante! Que coisa mais boa para um dia de calor como estava quando fomos ao Segundo Muelle!
                Quanto aos pratos principais, também pedimos dois para partilhar! Uma escolha do meu pai (a primeira) e outra minha (a segunda) e ambas de peixinho!

                A nossa primeira iguaria – Tiradito Al Aji Amarillo – era, no fundo, uma espécie de ceviche de um peixe branco cortado em tiras (não sei qual era a espécie, só sei que era bom!) que vinham banhadas no mesmo molho que serviram na entrada e que era uma delicia! Vinha acompanhado por milho do Perú chamado choclo, uma espécie de batata doce (camote) muito cor de laranja e que sabia a cenoura e também milho frito! Digo-vos muito honestamente que esta mistura era surpreendentemente deliciosa! Gostei muito mesmo! Mas aquele molho é que lhe deu todo o encanto!
                O segundo prato, que foi o que eu escolhi, foi um pouco mais jogar pelo seguro – Atún Teriyaki – um prato com inspirações asiáticas cuja ilustração no menú me encantou! Vieram dois bifes de atum – estes vinham cozinhados! – servidos com um arroz branco muito bom, ervilhas tortas e bróculos salteados, tudo temperado com molho teriyaki e sementes de sésamo! O bife estava no ponto, perfeitamente cozinhado! Os legumes estavam al dente, e por isso tinham aquele crocante maravilhoso! E o molho equilibrava o prato na perfeição! Delicia completa!
                Depois destes dois pratos maravilhosos, claro que tínhamos de ir às gordices… E pedimos logo duas, pois uma não seria suficiente! :b O Bolo Tres Leches e a Mousse de lucuma!

                O que posso dizer sobre o Tres Leches? Se forem ao Segundo Muelle… TÊM MESMO DE EXPERIMENTAR ESTE BOLO! É um bolo super húmido, fofinho, doce mas sem ser em demasia, e que bem coberto com natas batidas e cacau em pó! Ao morder, parece que derrete na boca, e é tão delicioso que eu nem tenho palavras para descrever! Gostei tanto tanto tanto!
                Relativamente à mousse, não fazia ideia do que era lucuma e só descobri depois de provar esta sobremesa! Lucuma é um fruto originário do Perú que parece um abacate mas é na verdade da família dos dióspiros. Em termos de sabor, para mim, sabia a frutos secos! A mousse era super cremosa e vinha servida com cristais de caramelo por cima, e biscoito de chocolate no meio que davam aquela textura crocante que é sempre bem-vinda! Foi uma surpresa muito deliciosa!
                Resumidamente: Apaixonei-me pela gastronomia peruana! Além disso, tive a oportunidade de provar ingredientes que até então nunca tinha provado, sabores muito surpreendentes e combinações improváveis, mas muito deliciosas! Quero muito voltar para experimentar outros pratos que certamente serão igualmente saborosos!


O Serviço

                Como disse, quase que parecia que havia um empregado de mesa por mesa. O serviço foi extremamente delicado e requintado, com todos os cuidados! O rapaz que nos serviu ajudou-nos com o menu, explicou-nos os pratos e ainda fez algumas sugestões bastante acertadas, nomeadamente com as bebidas! Estava constantente a perguntar-nos se estava tudo bem, mas sem ser exagerado e os timings de levantar a mesa e trazer os pratos foi bastante bem planeado de forma a que a experiencia fosse o melhor possível!
                Os tempos de espera pela comida não são longos, o que é sempre algo bom! Ao acabarmos o prato, levantavam logo a mesa e punham-na de novo para o prato seguinte, o que demonstra o quão eficiente e mecanizado esta o serviço de mesa! Nota 10!
                Claro que, como tudo, estes detalhes pagam-se e este restaurante não é, de todo, económico. Mas sendo muito honesta, a relação qualidade da comida e do serviço/preço está bem balanceada e eu sou daquelas pessoas que não me importo de pegar desde que coma bem e que me sinta bem! E eu comi bem e senti-me bem!


Em Suma…
                … Não quero soar convencida, mas ultimamente tenho mesmo acertado nos restaurantes que tenho escolhido e o Segundo Muelle não foi exceção. Desde a comida, ao ambiente e ao serviço, toda a experiencia me levou a passear e conhecer uma gastronomia que era completamente estranha para mim, mas pela qual me apaixonei!
                A única coisa que tenho pena é o facto de existirem menus de degustação, mas apenas para grupos de 4 pessoas, pois se houvesse para 2 pessoas iria dar a oportunidade aos pares que lá vão de experimentarem mais pratos… mas isto é só um pormenor!
                Por todas estas coisas que partilhei convosco, acho que vale muito a pena visitar o Segundo Muelle! Não posso dizer-vos que é um restaurante peruano 100% verdadeiro, pois nunca estive no Perú para comprovar a autenticidade da comida – mas digo-vos muito sinceramente que vale a pena a experiencia!


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