Mas outras vezes é preciso improvisar e quando fui ao DownUnder foi uma dessas situações de improviso – de repente reparamos que era hora de almoço e não sabíamos onde ir almoçar. Então eu saquei das minhas apps de restaurantes e em menos de 15 minutos fiz uma reserva e… bem, lá fomos!

Já tinha ouvido falar do DownUnder antes mas não é um daqueles locais que tinha na minha lista de prioridades gastronómicas. No entanto, acabei por me aperceber que, mesmo sob pressão, ás vezes consigo acertar e realmente tive uma agradável surpresa! Vêm comigo?

           

    

                Situado no Cais do Sodré, este restaurante é beeeeeem pequenino e bem discreto, mas tem imenso potencial. O espaço é realmente muito reduzido – existem duas salas de refeições, uma no rés-do-chão e outra no piso inferior que acabei por não visitar. No rés-do-chão é onde também está o balcão com as bebidas e a cozinha.

                Em termos de decoração, segue as trends actuais – moderno, minimalista, mas muito elegante e decorado com gosto. Gostei especialmente dos pormenores das plantas dentro de molduras nas paredes, foi uma ideia super original!

                As mesas estão postas de forma super requintada, com talheres para entradas e para o prato principal, copo de vinho e copo de água, guardanapo cuidadosamente colocado… enfim aqueles detalhes que são insignificantes para a qualidade da refeição mas que toda a gente presta atenção e fica agradado quando presentes!

                Na altura não fiz a associação mas DownUnder é uma referencia à Austrália, país onde penso que o Chef Jennings que dá o nome ao restaurante é originário. Mas tanto no menu, como nos vinhos expostos, como em pequenos detalhes estão referencias à Oceânia! É bastante interessante

                O menu não é muito extenso e contem alguns pratos mais exóticos – como, por exemplo, crocodilo e canguru! Tem também um menu de degustação, que é sempre algo interessante (eu adoro! Mas não foi esta a opção desta vez). Cada prato vem bem descrito, e todos parecem deliciosos pelo que, como sempre, o difícil é escolher!

                Pedimos um couvet para irmos petiscando enquanto esperávamos pelos pratos principais. A nossa escolha caiu sobre os chips de banana com guacamole! Servido numa ardósia, esta pequena entrada foi uma surpresa maravilhosa! O guacamole vinha super bem confecionado, com pedacinhos de tomate e cebola roxa que se sentiam ao comer, e os chips de banana são maravilhosos! Crocantes e nada doces (ao contrário do que se espera) combinam na perfeição com o guacamole!

                Para a nossa mesa vieram 3 pratos principais mas eu apenas provei um, por isso é desse que irei falar apenas. Ao ler o menu, o meu olhar – e o meu estômago – foi automaticamente atraído para o prato de pato, que é uma proteína que não costumo comer. No fundo, era peito de pato cozinhado em ponto médio com a pele, que depois foi passada na frigideira para ficar tostadinha. No entanto, como eu não gosto da pele, não cheguei a provar esta parte. O pato vem servido numa cama de puré de cenoura e couve pak choi, e por cima – surpresa das surpresas – leva doce de figo! O doce da compota com o salgado do resto do prato faz um contraste maravilhoso! A carne vem maravilhosamente cozinhada e muito suculenta! Em termos de quantidade, é um prato a cair um pouco mais para o gourmet (por outras palavras, não é a típica dose dos restaurantes tradicionais portugueses), mas fiquei mais que satisfeita com a refeição!

                Optamos também por duas sobremesas e desta vez posso falar das duas porque provei ambas (gulooooosa!). A primeira foi o Brownie de chocolate, com pistachio triturado e gelado de baunilha. Não sou grande apreciadora de pistachio mas isso passou-me completamente ao lado porque aquele brownie era MA-RA-VI-LHO-SO! Servido quentinho, super molinho, derrete na boca… um autentico foodporn num prato! E que posso eu dizer do contraste do quente do brownie com o frio do gelado? Não há como falhar!

                A segunda sobremesa, igualmente deliciosa (apesar do brownie ter ganho o meu coração!) foi o crumble de maçã com coulis de frutos vermelhos e gelado de baunilha! O crumble de maçã é servido quentinho também, pelo que o contraste das temperaturas também é evidente, e apreciado, neste prato! O doce do crumble é cortado com a acidez do coulis, tornando esta sobremesa super equilibrada!

                O espaço é intimista e por isso exige, até certo ponto, um serviço mais personalizado e mais cuidado – e é exactamente isso que o DownUnder dá, em termos de serviço. O staff é extremamente atencioso e de uma grande simpatia. Existe uma certa cordialidade que combina com a classe do restaurante! Quando o espaço enche, contudo, por vezes é difícil chamar a atenção dos funcionários. No entanto, eles são poucos e têm de dar atenção a pessoas nos dois andares por isso, de certa forma, é compreensível.

                A comida vem relativamente rápido, sendo que o relativo é mesmo relativo – as entradas chegaram bastante depressa mas entre as entradas e o prato principal houve uma pausa grande que depois compensou com a boa refeição que comemos!

                Este foi, sem dúvida, um improviso que correu bem. O espaço é muito agradável e requintado e a refeição cumpre as expectativas! Claro está que num espaço como este já é de esperar que os preços não sejam os mais acessíveis – no entanto, às vezes apanham-se promoções boas (que foi o meu caso) e… um dia não são dias não é?

                Visitem, provem os pratos e não se esqueçam das sobremesas que são de comer e chorar por mais!