Sendo eu amante de peixe, claro que um restaurante dedicado exclusivamente a estas iguarias iria ser de meu interesse. O Peixola chamou-me à atenção por isso, pelo nome que fica na cabeça e é bem catita, e também por causa do conceito de comer ao balcão, algo que ainda não tinha experimentado antes e tinha uma certa curiosidade.

                Mas… vamos lá navegar para esta experiência!

                O Peixola fica na rua do Alecrim, no Cais do Sodré, e é um espaço bastante discreto, apesar do grande letreiro com o nome à entrada. 

                Ao entrarmos somos logo presenteados com o longo balcão que se prolonga ao longo da sala das refeições. Ao fundo está a cozinha aberta e é muito giro conseguirmos ver parte do processo de elaboração dos pratos a acontecer mesmo à nossa frente. De um dos lados do restaurante existem algumas mesas para aqueles que não apreciam comer ao balcão; por cima, há uma garrafeira exposta com espelhos por baixo.

                A sala está decorada com elementos alusivos ao mar (como não poderia deixar de ser não é?) mas o que me chamou a atenção foram duas grandes esculturas feitas de materiais reciclados penduradas na parede. Não só estão super bem feitas, como também nos relembram da problemática da poluição dos oceanos!

                O ambiente é bastante descontraído e convida à conversa – é um sitio para uma refeição casual ou encontro de amigos e não para aqueles jantares mais requintados e intimistas. Quando visitei o espaço – a um sábado ao almoço – não estava muito cheio e por isso estava bastante calmo, mas assumo que quando enche se torne um espaço bastante animado, com muitas conversas e brindes a acontecer!

                O menu do Peixola tem um conceito engraçado: subdivide-se em peixe miúdo (como quem diz… entradas!), peixe graúdo (os deliciosos pratos principais!) e peixe de água doce (como não poderia deixar de ser… sobremesas!). Os pratos são todos de peixe (excepto os docinhos… claro!) e oferecem uma grande diversidade de conceitos, desde a reinvenção de alguns clássicos portugueses (como o bitoque de atum), a delicias de diferentes países como ceviches peruanos, tacos mexicanos ou tatakis japoneses que prometem levar os clientes numa viagem à volta mundo pelo mar! Além do menu, existe um prato especial aos fins de semana!

                Iniciamos a nossa refeição com uma ida ao Perú, com um fantástico ceviche peruano – Garoupa marinada num molho de ceviche, com cebola roxa, coentros entre outros ingredientes que compunham aquela marinada deliciosa! Notava-se que o peixe estava bem fresco, estava cheio de sabor e quase que derretia na boca. Para acompanhar, umas tostas finas e crocantes!

                Depois, subimos para o México com uns tacos de camarão com guacamole e chips de salsifis. Pequenas tortilhas com dois camarões por cima, guacamole, pico de gallo, alguns biovivos para decoração e por cima os tais chips de salsifis que era algo que eu não conhecia! Lembrou-me um pouco alho ou cebola crocante em termos de textura e o sabor não era de todo muito diferente! Gostei imenso também, e o facto de ter experimentado um alimento novo foi um bónus muito bem-vindo! 

                Acabando as viagens pelo mundo e indo para uma área mais de fusão… seguimos para o prato principal e desta vez a escolha recaiu pelo prato especial do dia – Tataki de atum com espuma de lucia-lima e quinoa salteada com legumes, frutos secos e berbigão! É um nome comprido para um prato cheio de sabor! Eu sou uma fã incondicional de atum cozinhado de todas as formas! O tataki é basicamente um corte de atum braseado, ou seja, está cozinhado por fora e cru por dentro e por isso fica muito suculento! Levou um molho por cima que também era muito bom, mas achei que combinava na perfeição com a espuma de lúcia-lima! Esta espuma, na verdade, para mim tinha um sabor forte a queijo creme e as notas florais da planta eram muito subtis, mas de qualquer forma era bastante delicioso! A quinoa veio empratada de uma forma bastante adorável e vinha com pedacinhos pequeninos de vegetais, cajus, amendoins e passas (que eu não comi porque não gosto…) e ainda encontrei 2 berbigões! Quinoa é outra coisa que não costumo comer, mas que gosto bastante e achei que combinava muito bem com o tataki! 

                Para terminar, como não poderia deixar de ser… se há um petit gateau no menu, tenho de o experimentar, não é? Este era de caramelo e vinha acompanhado de gelado de frutos vermelhos e crumble. Acerca do bolinho – que é feito na hora e servido quente! – tinha a textura perfeita – molinho mas cozido por fora e com um coração liquido e decadente… mesmo como se quer! De sabor também era bom, mas confesso que prefiro os de chocolate – o caramelo acaba por se tornar um pouco enjoativo e notava-se muito o gosto a manteiga. O que foi realmente surpresa foi o gelado – para além da bola ser gigante, o gelado era DELICIOSO! Gostei mais do que o bolinho (mas os dois combinavam muito bem), e com o crumble então ficava de ir aos céus! Amei!

                Uma vez que comemos ao balcão, os funcionários estão mesmo ao pé de nós e rapidamente acedem aos nossos pedidos ou vêm perguntar se está tudo bem e se estamos satisfeitos! A simpatia reina no Peixola, o que é algo que eu valorizo muito – um serviço bom e simpático faz uma casa!

                Os tempos de espera são relativamente curtos, e uma vez que conseguimos ver os pratos a serem empratados, o tempo passa ainda mais rápido pois observarmos o empratamento torna-se parte da experiência! Só esperamos mais para as sobremesas que foram feitas na hora… mas esta é daquelas esperas que vale a pena esperar!

                Na minha modesta opinião, o Peixola oferece uma experiência de comidas vindas diretamente do mar bastante agradável. Não é o típico restaurante de “enfarta-brutos” – as porções não são grandes mas são suficientes para saciar -, tem o seu requinte e oferece um conceito e uma gastronomia bastante agradável.

                Não é um restaurante para se visitar todos os dias – até porque a vossa carteira irá ficar significativamente mais leve se o fizerem – mas é um espaço que merece ser visitado e por isso recomendo!