[#Reviews] Tasting Places: Ararate
23.8.19
O
resultado foi uma gastronomia rica em sabores, em cores, em técnicas que,
apesar de diferentes, se complementam e equilibram bastante! E é desta fusão de
culturas e sabores que resulta a gastronomia da Arménia – um país de que se
pouco sabe, mas que tem um restaurante em Lisboa a divulgar o que melhor se faz
nesse cantinho especial em termos gastronómicos.
Sejam
bem-vindos ao Ararate!
Situado
entre a zona do Saldanha e a Gulbenkian, fica esta pequena pérola deste país
que tão pouco se ouve falar – o Ararate. Mas o restaurante destaca-se não só
pelo grande letreiro com o nome que tem à entrada, como também com a esplanada
que se encontra à frente e onde se deve passar um bom bocado a desfrutar de boa
comida nestas noites de Verão que vêm aí.
Por
dentro, o espaço é requintado, com muitos elementos tradicionais e alguns
traços mordernos… no fundo é um espaço muito bonito e bem conseguido. As mesas
de madeira e as tapeçarias nas paredes fazem-nos sentir como se tivéssemos sido
convidados para uma refeição em casa de um amigo, mas os toques mais finos dos
candeeiros e dos espelhos relembram-nos que esse amigo é aquele que dá valor
aos detalhes e tem bom gosto.
As
mesas estão postas de forma cuidada, com individuais e guardanapos de pano, e
talheres duplos – mais um detalhe que de certa forma encanta o cliente e torna
tudo um pouco mais luxuoso de forma simples!
Nas
paredes, além das tapeçarias e dos espelhos, há também ervas aromáticas e tranças
de alhos pendurados. Por curiosidade, perguntamos se haveria alguma tradição em
pendurar este tipo de alimentos nas paredes na Arménia e contaram-nos que não,
mas que a Arménia é um país cuja agricultura é um sector muito forte, em que a
agricultura biológica tem um grande impacto. Assim, os donos do restaurante
decidiram apostar nestes elementos para celebrar este aspeto da cultura do seu
país.
Um
outro detalhe que quero destacar é a parede cheia de caracteres do alfabeto arménio,
com as respetivas fonéticas no alfabeto latim. Ainda tentei memorizar algumas mas… falhei
miseravelmente eheh.
O menu,
como falei inicialmente, é uma fusão entre sabores mediterrâneos, da europa de
leste e asiáticos que combinam em plena harmonia em diferentes pratos. Apesar
de, na ementa, os pratos estarem organizados por temas (entradas, saladas,
ensopados, carnes…), a verdade é que os pratos saem da cozinha sem ordem (mais
à frente falarei melhor disto!). Há muitas opções, quentes e frias, mas tendo
muito por base uma alimentação rica em vegetais e fontes de proteína. Além
disso, a grande maioria dos pratos são cozinhados em baixa temperatura, o que
lhes fornece uma textura especial.
Iniciamos
esta degustação dos sabores da Arménia com o Couvert de nome “Três surpresas do
chef”. Consiste em pão arménio – super fofinho – com 3 espécies de patês ou
molhos: um de tomate, ligeiramente adocicado, um de queijo, com uma nota azeda
mas muito cremoso, e um de feijão, aromatizado com ervas aromáticas. Os três
eram maravilhosos mas para mim ganhou o de feijão!
Depois
começaram a chegar os restantes pratos, começando com o Hamest Tatý. Esta
delicia é uma salada de legumes (beringela, tomate e pimento verde) grelhados
sobre carvão, com um molho de manteiga ghee e cebola e guarnecidos com
coentros. Pode ser comida quente ou fria, mas nos optamos pela versão quente e…
era uma delicia! Os legumes desfaziam-se na boca e tinham um sabor suave a
ervas e a cebola. Comem-se muito bem só por si ou como acompanhamento para os
outros pratos!
Uma das
coisas que tinha mais curiosidade de experimentar eram o Khababs – ou seja,
Kebabs da Arménia. Supus que seriam bem diferentes dos kebabs a que estamos
acostumados (não que eu tenha comido muitos mas…) e não estava errada! Optamos
por Khabab de vitelão, que vem servido num espeto e, ao chegar à mesa, é
retirado do mesmo para cima de um Lavash – que é um pão típico da Arménia
também conhecido como pão folha pois é extremamente fino. A ideia é enrolar os
pequenos rolos de carne picada que compõem o khabab nesse pão, colocar um pouco
de molho de tomate (igual ao do couvert) e comer tudo misturado. E não é que é
realmente uma delicia!? A carne é mesmo suculenta e saborosa!
O prato
que chegou em ultimo lugar à nossa mesa foi o Kchuch – um ensopado de peixe de
rio (truta e esturjão), com pimento, batata e cenoura. O elemento de destaque
deste prato é que vem servido num pote de barro e, quando vem para a mesa está
tapado. Ao abrir, reparamos que lá dentro vem uma pequena tigela com ervas a
queimar, cujo objectivo é conferir um sabor ligeiramente fumado ao prato! Este
ensopado lembra um pouco a nossa canja pois o caldo é muito liquido e meio
transparente, mas cheio de sabor e com umas notas subtis, mas presentes, ao
gosto defumado. Foi uma surpresa em apresentação e em sabor!
Para
terminar, como já sabem, tivemos de provar uns docinhos…! Perguntamos quais
eram os doces mais típicos do país e sugeriram-nos a Gata, que nós
imediatamente escolhemos. E não, não se pronuncia como a fêmea do gato.
Pronuncia-se “Gátá”, mas não deixa de ser um nome engraçado! É uma espécie de bolo
de massa folhada com um recheio semi-sólido de manteiga, açucar e farinha, e é
servido quente e com uma compota a acompanhar. Meu deus… é de facto uma bomba
calórica mas é tão, tão, tão bom! Massa
folhada crocante que se desfaz na boca, recheio quentinho e docinho… a compota
confere um toque acido que também dá um sabor especial. Esta sobremesa leva um
pouco a fazer, mas vale a pena a espera!
A
segunda sobremesa que experimentamos não estava no menu pois é uma nova criação
do restaurante… e como tal não sei o seu nome! No entanto, é basicamente figo
servido com melaço ou mel de cana (não consegui decifrar bem) e merengue, e
decorado com pequenos morangos. Sendo novidade, nós tínhamos de provar! É uma
sobremesa mais simples em termos de técnica mas de sabores complexos e bastante
boa! Está aprovada, chef!
Para
terminar, vou falar do vinho que pedimos e que eu acabei por experimentar
também. Eu não tenho por hábito consumir bebidas alcoólicas mas este vinho em
particular despertou-me a atenção. É produzido na arménia e tem a
particularidade de a sua composição ser 70% romã e apenas 30% uva, o que é
bastante diferente do que estamos acostumados cá em Portugal. Esta diferença da
composição confere-lhe um sabor bem mais adocicado, que lembra um pouco a
sangria, e o sabor a álcool é bem mais suave – só por isso é que consegui beber
meio cálice! Fica aqui mais uma sugestão se se quiserem aventurar por mais um
sabor diferente!
Já
visitei lugares em que, só pelo atendimento, ganham mesmo muitos pontos – até porque,
na minha humilde opinião, um bom atendimento cria uma boa casa. O Ararate é,
sem dúvida, um desses lugares.
É de
destacar não só a simpatia e o cuidado que o staff tem com o cliente, mas
também com a empatia que criam. O senhor que nos atendeu foi extremamente atencioso
e fez-nos sentir em casa. Disponibilizou-se para nos explicar o conceito, o
menu, e ainda nos ofereceu algumas sugestões. Fez questão de garantir que
estava tudo bem com a nossa mesa. E ainda mandou umas piadas e brincou connosco
de forma informal, mas nada rude – aliás, eu fiquei encantada. Só por isto, a
experiência já valeu muito a pena.
Uma
coisa que nos explicaram é que, segundo a tradição da cozinha da Arménia, os
pratos saem da cozinha sem ordem – ou seja, não vem primeiro a entrada, depois
a sopa, depois o peixe e depois a carne, como habitualmente se serve nos
restaurantes portuguese. Eles vão saindo aleatoriamente à medida que são
preparados, o que não deixa de ser um conceito interessante e diferente! Os
tempos de espera são também bastante curtos e por isso em menos de nada darão
por vocês numa mesa cheia de iguarias deliciosas sem saberem muito bem por onde
começar… um pedacinho de cada, talvez? :b
Para terminar…
Sejam
aventureiros e curiosos em termos gastronómicos ou não, eu acho que toda a
gente deveria experimentar o Ararate. É a experiência completa em termos de
espaço, cozinha e serviço e não tenho rigorosamente nada de negativo a apontar!
Até os preços me pareceram bastante aceitáveis considerando as porções e o que
se pratica em outros restaurantes semelhantes!
A
experiência que nos proporcionaram foi encantadora, e é daqueles locais que
fiquei mesmo com vontade de regressar para experimentar os restantes pratos
pois cada coisa da carta parece mais deliciosa que a anterior e uma pessoa fica
mesmo com dificuldade em decidir! Além
disso, há também uma benesse com o Zomato Gold – Um prato de oferta! O que
acaba por ainda compensar mais!
(Se não és Zomato Gold, podes
beneficiar de 25% de desconto na subscrição com o código PATR0876)
Vais arriscar? ;)
1 comentários
Uau :)
ResponderEliminarQue restaurante lindo e a comida tem um ótimo aspeto :)
beijinhos :*
omundodapequeninaaa.blogspot.com