A minha família vive no Alentejo. A casa dos meus pais (e minha também) fica numa urbanização de vivendas numa aldeia, onde quase toda a gente tem animais de estimação, incluindo gatos! Muitos desses gatos são de rua, e por isso andam pelos quintais de toda a gente e nós acabamos por conhecê-los.

                No dia 24 de Dezembro de 2019, os meus avós vieram ter connosco para passar a noite de natal mas antes do jantar, a minha avó, a minha mãe e eu fomos dar uma volta pelo bairro quando encontramos uma gatinha desconhecida do bairro.

                Eu, que como sabem sou apaixonada por gatos, fui logo ter com ela e qual não foi o meu espanto quando percebi que ela era muito meiguinha! Deixou-me fazer festas, miava um pouquito a pedir mais, e acabou a acompanhar-nos durante o nosso pequeno passeio. Mas como era gata de rua, lá ficou enquanto nós regressamos a casa.

                Nessa mesma noite, depois de trocarmos as prendas, o meu pai teve de ir trabalhar e, quando regressou às 5 da manhã a gatinha estava à porta da nossa casa e queria entrar cá para dentro. O meu pai conta que, inclusivamente, andou com ela ao colo, a dar-lhe mimos, mas logicamente não a deixou entrar. No entanto, ele ficou com a ideia que deveria ser uma gata de casa por ter tentado entrar na nossa, e que provavelmente se tinha perdido, mas que os donos eventualmente a iriam buscar.

                No dia 25 não vimos a gatinha e pensamos que ela tinha encontrado o seu lar. Nessa altura, por brincadeira, disse à minha mãe que ela tinha ar de Kiara. Mas o assunto morreu aí. No dia 26 de manhã, fui caminhar com a minha mãe e em conversa, surgiu o tema dos meus pais adotarem um animal de estimação, que é algo que, por experiência própria, acrescenta muito às nossas vidas e eu sei que lá no fundo eles também gostavam de ter um pela forma como interagem com a Luna e o Leo, em particular o meu pai.

                Quando chegamos a casa, lá andava a gatinha de novo! Demos-lhe mimos e comida, descobrimos que a coitadinha estava cheia de carraças, mas não podíamos fazer mais que isto. Uns outros vizinhos nossos também interagiram com ela, e até a tinham chamado de “snow”, mas não podiam ficar com ela. Nesse dia, eu vim para Lisboa com o coração nas mãos porque a bichana estava mesmo a afeiçoar-se a nós e eu estava com imensa pena dela ficar na rua.

                No dia 27 de manhã, perguntei aos meus pais se a gatinha ainda andava por lá… e a resposta foi afirmativa! O que veio a seguir é que eu não esperava… a minha mãe disse que se ao final do dia ela ainda andasse a rondar a casa a iriam deixar entrar pois a gatinha era super meiga e merecia um lar, mesmo que fosse temporário.

                E não é que ela lá estava quando os meus pais regressaram do trabalho!? Estava destinado! Então os meus pais levaram-na ao veterinário para ver se tinha microchip (que não tem) e para ser tratada. Estima-se que ela deva ter entre 6 meses a 1 aninho de vida, mais ou menos o mesmo que o Leo. Ganhou um nome – Kiara – e uma família – a nossa. Foi a prenda de Natal inesperada deste ano!

Não sei como alguém pode abandonar um animalzinho, mas foi certamente isso que lhe aconteceu – um ser tão meigo e tão habituado a estar em casa não poderia ser gato vadio. De qualquer das formas, Kiara, agora tens um lar e uma família que te ama. Bem-vinda!