Movimento #BuildALadder - A história da Martina
25.1.21Quando eu tinha 15 anos, comecei a ouvir música coreana e
entrei de cabeça na cultura da Coreia do Sul. Com isso, durante os anos seguintes,
li livros, ouvi podcasts, ouvi musicas, e vi muitos vídeos, especialmente de
youtubers ocidentais que viviam no país.
Um dos canais que comecei a seguir primeiro chamava-se na
altura Eat Your Kimchi (sendo que Kimchi é um fermentado de couve muito popular
na Coreia), e era gerido por um casal – o Simon e a Martina – que falavam das
suas peripécias a viver na Coreia do Sul, e partilhavam vídeos sobre a cultura
e a musica coreana que eram super divertidos para mim. Além disso, eles tinham
(e ainda têm!) uma personalidade muito alegre, muito cheia de energia, algo que
era transmitido para este lado também.
O tempo foi passando, eu fui crescendo e eles também, mas neste
processo fui acompanhando as suas aventuras: Eles mudaram-se para o Japão, e
durante muito tempo fizeram vídeos sobre o seu dia-a-dia no Japão, e agora
recentemente voltaram para o seu país de origem, que é o Canadá. E eu mudei-me
com eles, no fundo, deste lado do ecrã.
Aposto que estão a pensar o que raio estou para aqui a falar,
certo?
Pois bem, no meio destas desaventuras, descobri que a
Martina – que para mim era a rapariga super alegre de cabelos coloridos que me
inspirava muitíssimo – sofria de uma doença rara chamada síndrome de Ehlers-Danlos,
que se caracteriza por uma hipermobilidade das articulações que leva a dores horríveis,
segundo os relatos da própria.
Aliás, ela partilhou em alguns vídeos que tem dias que tem
muita dificuldade em sair da cama, outros que tem de usar uma bengala para
conseguir andar, e outros em que vive como se nada tivesse errado com ela! Esta
doença física acabou por também ter impactos na sua saúde mental e a Martina
acabou por lidar também com depressão.
No meio disto tudo, de forma a conseguir sair desse estado
depressivo e conseguir aceitar a sua condição, a Martina criou o movimento #BuildALadder,
que em português se traduz para “Cria uma escada”.
O #BuildALadder assenta na premissa que a nossa felicidade
está nas pequenas coisas. Está no cheiro do café que bebemos na manhã, ou no por
do sol que conseguimos ver ao fim do dia. Está no sorriso que a senhora do
supermercado nos mostra quando vamos às compras, ou naqueles 10 minutos a sós
que temos quando tomamos banhos quentes.
Cada uma dessas coisas pode ser um degrau nesta escada para
sairmos da depressão, da ansiedade, ou da negatividade que nos invade.
Mas o movimento #BuildALadder também contempla aqueles dias
em que realmente não conseguimos ver o lado positivo e nada nos faz feliz.
Nesses dias, temos permissão para estarmos tristes (a chamada “Pity Party”),
desde que cumpramos os seguintes mandamentos:
- Amanhã irei voltar a “criar a minha escada”
- Não posso ser mau ou rude para os outros
- É recomendado sentir-me triste
- Devo estar confortável – a nível de roupas, de local onde estou e tudo mais
- Devo praticar o auto-cuidado
Agora, mais que nunca, acho que esta forma de pensar faz
sentido. Considerando que o mundo está a mudar, e a mudar rápido, e muitos de
nós (eu incluída) não estamos a conseguir acompanhar estas mudanças, está na
altura de nos agarrarmos às pequenas coisas que nos fazem felizes, para
conseguirmos lidar com as coisas grandes e desafiantes sobre as quais não temos
poder de mudar ou alterar – Tal como a Martina fez.
Ela inspirou-me muito e eu tenho estado a tentar implementar
este mindset. Se quiserem saber mais, deixo-vos abaixo um vídeo sobre o
assunto!
*
9 comentários
A visão dessa menina parece-me acertada, contudo não esquecer que casos de depressão necessitam de supervisão médica pois tendencialmente irão agravar-se. Associar boas práticas mentais parece-me contudo, uma optima escolha.
ResponderEliminarBeijinhos
Coisas de Feltro
Li a tua partilha e, embora a minha intensão não fosse, de todo, dar uma alternativa ao apoio psicologico por um profissional, fizeste bem em chamar-me a atenção e já adicionei um disclaimer!
EliminarObrigada :)
Um beijinho *
Gosto muito de desenvolver pequenas hábitos positivos mas que mesmo assim são importantes pro meu desenvolvimento pessoal! Também gosto de preservar os meus momentos de reclusão/quando fecho um ciclo, comigo não funciona muito ignorar o problema até fingir que ele não existe, eu prefiro resolver e passar por todas as fases de "luto" para seguir em frente! Amei o post <3
ResponderEliminarBeijoss, Nada Produtiva ♥️♥️♥️
Acho que tens uma forma de ver as coisas muito positiva, porque resolver mesmo as tuas gavetas na tua cabeça, e celebras as coisas boas! Isso é mesmo positivo!
EliminarUm beijinho *
Olá, Patty!
ResponderEliminarQue post tão interessante!
Há doenças incríveis, no mau sentido, mas há quem lhes dê a volta por cima e a Martina é uma dessas pessoas.
Extravasa alegria no post e nota-se que precisa de movimento e de ter e experimentar coisas novas.
Uma boa amiga para ti, sem dúvida, que gostas de encontrar coisas diferentes e de visitar vários países. És multicultural.
Beijinhos e boa sorte. Diverte-te!
Olá querida Céu!
EliminarSem dúvida que estas pessoas que arranjam maneira de dar a volta a situações difíceis de forma tão positiva!
Obrigada pela tua mensagem!
Um beijinho grande e cuida de ti *
Olá, querida Patty!
ResponderEliminarJá tenho post novo, que já é um bocadinho velho-rs. Qdo te for possível, aparece por lá, tá? Obrigada!
Beijinhos e obrigada pela recomendação, mas eu não saio de casa desde que as escolas fecharam.
Que incrível, conviver com doenças crônicas (principalmente as que causam dor) não deve ser uma tarefa fácil, por isso é muito importante o acompanhamento com psicólogos para evitar casos graves de depressão. Muito lindo da parte dela criar esse movimento e encontrar alegria nas pequenas coisas.
ResponderEliminarBeijinhos
Renata
Deve ser mesmo muito desafiante mas ela conseguiu tornar algo mau em algo inspirador!
EliminarUm beijinho*