Neste momento sinto-me um pouco como aquelas vloggers do Youtube que filmam a sua vida num vídeo e mostram ao mundo. Excepto que não sou vlogger. E isto não é o Youtube. E também não vou filmar a minha vida.

Mas achei que poderia partilhar um pouco do que se tem passado nos últimos tempos nos bastidores do Blog, uma vez que sinto que o posso fazer, e que até pode criar uma dinâmica mais informar entre nós!

Este último ano de pandemia foi desafiante para toda a gente e eu não fui exceção. Aliás, durante um ano regressei à casa dos meus pais, estive em teletrabalho desde então, perdi a minha gata, perdi a minha avó, entre outras coisas que foram um pouco (bastante) difíceis de lidar.

Por outro lado, algumas coisas boas aconteceram: publiquei o meu primeiro artigo (e, entretanto, já vou no terceiro!), comprei um carro, voltei a fazer exercício e fiz as pazes com o meu corpo e com a minha mente (embora ainda tenhamos uma relação um pouco volátil).

Porque é que estou a fazer este resumo? Não sei bem.

Mas esta semana regressei novamente ao trabalho presencial e está a ser desafiante em vários níveis. Primeiro, depois de passar um ano numa casa com pessoas, gatos e outros animais a circular regularmente, acabei na minha própria companhia (o Leo ainda não veio para Lisboa), o que é um pouco estranho. Não é que eu não goste da minha companhia, simplesmente sinto falta daquilo que tinha antes, mas sei que é uma questão de hábito. Depois, sinto que estou muito retardada no comboio da pandemia, no sentido em que só agora comecei a usar máscara todos os dias (e a sentir todo o desconforto associado), e estive tanto tempo sem interagir com pessoas que me sinto um bocado incapaz de estabelecer contactos sociais.

Ao mesmo tempo, apercebi-me das saudades que tinha da minha rotina – de ver o amanhecer da janela enorme da minha sala, de andar de metro, de ir à faculdade, de voltar para casa e simplesmente desfrutar da sensação de dever cumprido… enfim. São muitos sentimentos contraditórios para uma pessoa que tem a mesma capacidade de lidar com emoções que uma bactéria (ou que um vírus, já que é disso que se fala agora).

Outra coisa que também queria partilhar é que me sinto a mudar. Não a mudar fisicamente, que os 20kg que recuperei são suficientes, mas a mudar em termos de interesses e objectivos. Ainda não sei qual a direção que quero seguir, mas sei que não é a mesma que queria há 6 meses atrás, sobretudo no que diz respeito ao meu “activismo” em relação às perturbações alimentares.

Por outras palavras, já não quero segurar mais a bandeirinha da anorexia. Sim, tive anorexia, sim, faz parte da minha história, sim, inevitavelmente vou falar dela em algumas alturas, mas não quero que seja o meu propósito.

E vocês perguntam-me “Então Patty, e qual é o teu propósito?”

Não sei. Mas logo que se vê.