Eu sou fascinada pela cultura asiática desde bem pequenina. Sempre fui a restaurantes de comida chinesa, pratiquei artes marciais, a minha mãe lê e sabe imenso sobre filosofias e terapias orientais, e por estas razões foi fácil adquirir o gosto pelo outro lado do mundo que é tão diferente do ambiente ocidental que nós todos conhecemos.

Quando tinha 15 anos, comecei a gostar imenso de musica sul coreana (como acho que já mencionei anteriormente, neste post). E com isso, comecei também a investigar a cultura, a língua e a gastronomia coreana. Esta paixão cresceu imenso, mas morreu um pouco enquanto estava na licenciatura, especialmente porque não tinha ninguém que partilhasse comigo este gosto. No entanto, quando entrei para o mestrado, voltei a estar entusiasmada com a cultura coreana porque conheci mais pessoas que também gostavam!

O que é que isto tem a ver com o post? Absolutamente nada, mas ajuda a contextualizar o porquê de ter ficado tão entusiasmada!

Ontem eu e dois grandes e fantásticos amigos meus (O Sandro e a Laura) fomos experimentar um restaurante coreano.

Não foi a minha primeira experiencia de gastronomia coreana. A primeira vez que provei foi numa viagem a França, quando estava no boom de entusiasmo com a Coreia do Sul, mas honestamente não me lembro bem do que comi: só sei que vinha num pote de ferro, bem quente, com a carne cria que cozinhou naquele calor da panela, com um molho super picante. A segunda experiencia que tive foi no inicio do ano, no meu aniversário. Fui ao restaurante Ori, no Colombo, que é um restaurante de fusão que tem vários pratos de vários países asiáticos, e provei Bulgogi, que é basicamente carne de vaca marinada em especiarias e molho de soja, servido com arroz e vegetais e que é A-BSO-LU-TA-MEN-TE DE-LI-CI-O-SO. No entanto, sendo aquele um restaurante de centro comercial fiquei um pouco de pé atrás e a questionar a autenticidade da comida.

Então decidimos experimentar este restaurante. Chama-se Xin e fica em Odivelas, e penso que é o único restaurante 100% coreano da zona de Lisboa.

Tivemos a sorte de apanhar o restaurante quase vazio, o que é muito bom. O ambiente é acolhedor, tem uma fotografia gigante se Seul (se não me engano) com dois Hanbok (o fato tradicional da coreia) pendurados ao lado. O resto do restaurante não tem ornamentos tradicionais da coreia, o que me deixou um bocadinho triste – mas não deixou de ser um espaço muito simpático e acolhedor! Outro aspeto que me deixou mais triste foi o facto de não nos terem dado pauzinhos para comer mas sim faca e garfo: de facto, facilitou muito a refeição mas perdeu aquela magia da comida asiática, if you know what i mean. Uma coisa que, para mim pessoalmente – e sei que para o Sandro também – me deixou extremamente entusiasmada foi o facto de terem Kpop a tocar como musica de fundo! Adorei mesmo!

O menu é bastante variado, pelo que acabamos por pedir ajuda a uma das raparigas que lá estava a trabalhar para nos sugerir alguns pratos para experimentarmos. Pedimos, então, 1 entrada, 3 pratos principais e 3 sobremesas, para partilharmos, e duas bebidas diferentes! Relativamente à comida, tivemos em atenção escolher pratos que não fossem demasiado picantes.

Panqueca de kimchi (Kimchi jeon)

Kimchi é um dos ex-libris da gastronomia coreana: é uma couve fermentada e muito condimentada… e absolutamente deliciosa! Quem experimentar comida sul coreana tem, obrigatoriamente, de provar kimchi!

Nós pedimos a panqueca com kimchi, que basicamente é uma panqueca como conhecemos feita com farinha de trigo, e que leva o kimchi no meio. Depois é servida com molhos (nos tinhamos vários, desde mais picantes a sem picante, um deles mais agridoce).

A textura era demais, o sabor fantástico… adorei!

Bibimbap

                O Bibimbap é, também, um dos pratos mais populares da gastronomia coreana. É, no fundo, uma base de arroz, servida com vários vegetais, carne (no nosso caso não tinha), um ovo e uma pasta chamada Gochujang, que leva chilli, e é adocicada e ligeiramente picante.

A ideia é misturar tudo no arroz, e comer um pedacinho de tudo. É um pato muito simples, não é tão forte nas especiarias (excepto a pasta, mas como vinha à parte poderíamos por ou não) mas é muito saboroso!

Penso que foi este o prato que eu comi na minha primeira experiencia gastronómica. Tradicionalmente, o ovo vem cru (quase como nas açordas) e é servido numa panela de ferro. No nosso caso, o ovo veio estrelado e a panela não era de ferro, mas foi fantástico na mesma!

Tteokbokki

Antes que perguntem – Não, não consegui perceber como se pronuncia esta palavra! Este foi, talvez, o prato mais interessante e intrigante que provamos!

Basicamente consiste num bolo de arroz, que é feito com arroz aglutinado que fica com uma textura que eu, na altura, descrevi como “engraçada” porque não tinha outra descrição possível, mas que é meio gelatinoso mas mais expesso que a gelatina, mas que é muito engraçado de comer (lá está!). Veio servido com carne de vaca (podíamos escolher entre vaca, frango ou gambas), vegetais (cenoura, pepino…) e um molho espesso e um pouco picante. Este foi o prato mais picante que nós experimentámos mas, sendo eu uma pessoa que tem pouca tolerância para o picante, achei bastante tolerável (se bem que fiquei com a boca meia dormente ahaha).

Se gostam de se aventurar por texturas novas, este é, sem dúvida, algo a experimentar! Fiquei agradavelmente surpreendida!

Legumes com Tofu e frango

Honestamente não sei o nome deste prato em coreano mas, dos três, era o mais parecido com a gastronomia ocidental. No fundo, são vários legumes servidos com cubos de tofu e tiras de peito de frango, com sabor muito suave e nada de picante! Foi o prato mais soft mas não foi por isso, menos delicioso.

É o ideal para quem se quer aventurar na gastronomia coreana mas não quer arriscar demais! Para os aventureiros, recomendo os restantes partos!

Gelado assado

Este gelado é muito semelhante ao gelado frito que se vê e come nos restaurantes chineses. Tem uma massa crocante por fora, gelado de baunilha por dentro e um molho feito a partir de uma bebida alcoólica e açucar por cima. Foi deliciosa mas não tão surpreendente em termos de sabor porque já tinha provado algo semelhante.

No entanto, foi servido em chama, e isso sim é um empratamento impressionante e corajoso!

Rolo crocante de cereais

Esta foi a sobremesa mais fofinha e engraçada. Veio uma bola de gelado de morango com topping também de morango, servida com pequenos biscoitos em forma de rolinho. Os biscoitos em si não eram muito doces e em termos de textura lembraram-me uma espécie de cheetos mas mais duros.

A ideia aqui é pegar num rolinho, usá-lo como se fosse uma colher, tirar um pedacinho de gelado e comer tudo juntos! Sim, é uma sobremesa para sujar os dedos!

Bingsu

Esta sobremesa, além de ser lindíssima visualmente, tem um conceito muito interessante porque é composta por camadas e algumas delas são bastante surpreendentes. A base da tigela tinha gelo picado, depois tinha uma camada de frutas. Por cima da fruta tinha uma camada de feijões doces – sim! Feijões! – e por cima uma bola de gelado. Vinha ainda decorada com chantilly!

Claro está que esta sobremesa nos intrigou a todos, mas eu, pessoalmente, fiquei bastante surpreendida com o sabor dos feijões. Nunca tinha experimentado feijão numa sobremesa, apesar de saber que é bastante usada na confeitaria e nas sobremesas orientais. Fiquei agradavelmente surpreendida!

Chá de gengibre e mel

Esta foi a bebida que eu pedi por duas razões: primeiro, eu não gosto muito de álcool; segundo, estava um frio do caneco na rua e apetecia-me algo quentinho. O chá era bastante doce e saboroso, aqueceu-me a alma eheh. Mas achei muito bonito o bule e a chávena – são muito delicados e fofinhos!

Makgeolli

Esta foi a bebida que o Sandro e a Laura beberam (e eu provei também). É basicamente um vinho de arroz, que eles disseram que era caseiro, e que não é translucido, mas sim esbranquiçado. O curioso da bebida é que não é nem forte, nem tem aquele sabor meio azedo característico da maioria das bebidas alcoólicas – é doce e muito suave!

Para mim, seria uma bebida ideal, pois o que eu não gosto nas bebidas alcoólicas é aquele sabor do álcool muito acentuado e nesta bebida era muito subtil!

Bem, para terminar este testamento, só queria acrescentar que adorei a comida, as bebidas, as sobremesas, o serviço foi super rápido, o atendimento foi espetacular – as raparigas que lá estavam eram super simpáticas e deram-nos imensas dicas e sugestões. E eu certamente voltarei lá!

Só para terem uma ideia, total que pagamos (isto tudo mais uma garrafa de água e um café) foi 53,55€.

Se tiverem curiosidade em experimentar, por favor vão, não se vão arrepender!

Annyeong!!