[#Reflexão] Uma refleção sobre ser-se saudável (& um update na minha saúde)

4.2.18

O meu ano de 2017 foi sem dúvida um ano muito gratificante, mas foi também um ano cheio de desafios e muito desgastante a nível mental e, inevitavelmente, a nível físico também. Foi o ano da minha tese, da conclusão do mestrado, de inúmeras novas experiencias e aventuras e, apesar de na altura não ter tido consciência do impacto que isso tinha na minha saúde, a verdade é que o meu corpo e a minha mente se ressentiram.

Na altura da entrega da minha tese, ninguém podia falar comigo: estava extremamente irritável, tinha crises de choro, respondia torto, andava constantemente sob uma quantidade enorme de stress, controlava muito a minha comida e os meus treinos – mas não me apercebia disso. Estava tão focada em alcançar o meu objetivo e terminar o meu trabalho que tudo o resto me passava ao lado – incluindo os sinais que o meu próprio corpo mandava.

Quando toda esta pressão começou a aliviar, fui obrigada a observar os estragos que tinha feito em mim própria. Ignorei sintomas, relativizei situações que deveria ter prestado mais atenção, mas eventualmente tive de começar a tomar conta de mim.

Toda esta pressão e stress resultou em várias coisas: perdi peso, comecei a controlar mais a minha alimentação, aumentei a frequência e intensidade do meu exercício físico (numa tentativa desesperada de relaxar… mas que me saiu o tiro pela culatra), e, o culminar de tudo: a minha menstruação desapareceu. E foi justamente esta última situação que me levou a consultar um médico, mas talvez já um bocadinho mais tarde do que deveria ter feito.

Há 7 meses que não tenho menstruação, o que coincide com a altura em que os meus níveis de stress começaram a aumentar. Não, a criança não vai nascer daqui a 2 meses (só se por milagre). Mas claro está que tive de ir investigar o porquê disto me ter acontecido. Fiz análises e uma ecografia, e foi aqui que a situação começou a intensificar.

Uma coisa sobre mim que eu não falei ainda aqui é que eu sou extremamente hipocondríaca. Outra coisa que também devo mencionar é que sou Bióloga e tenho um conhecimento bastante vasto no que toca a questões de saúde (não querendo gabar-me). Estes dois factores, juntos, não combinam bem. Quando as minhas análises vieram, o meu valor da hormona TSH (que é uma hormona utilizada como indicador da função da tiroide) vinha alterada. Claro está que comecei logo a pesquisar e a fazer um autodiagnostico (burra) e quando fui mostrar as minhas análises à medica, já sabia (estava eu convencida) o que tinha: Hipotiroidismo – e curiosamente esta doença também provoca alterações menstruais, portanto batia tudo certo. Hipotiroidismo não é uma doença boa, causa diversos problemas e implica a toma de medicação diária e de controlo através de análises ao sangue regular e por isso eu já estava condenada, aos meus 23 anos, e tendo sempre sido saudável, a depender de drogas e a ser esfaqueada mil vezes por ano na veia. O pior de tudo: a minha médica apontou a minha hipótese como causa mais provável mas mandou-me repetir as análises e fazer outra ecografia, desta vez à tiroide.

Só este filme todo, para mim, era o inferno na terra. Eu, hipocondríaca, em pânico porque estava completamente convencida que tinha um diagnóstico mau, à espera de resultados que eu acreditava que iam ser maus. Felizmente, os meus valores de TSH normalizaram e a eco veio normal… mas continuava com o mesmo problema que me levou ao médico: amenorreia. Fui outra vez ao médico, desta vez a uma especialista, e no final, concluímos que a causa mais provável disto tudo seria baixo peso, stress e uma possível infeção na tiroide que tinha acontecido. Tratamento? Relaxar e ganhar peso – algo que me incomodou, confesso.

Com isto tudo, aprendi uma coisa: nunca devemos ignorar os sinais do nosso corpo. Não devemos desleixar a nossa saúde, nem fingir que nada está errado quando é obvio que há coisas que estão alteradas. Uma coisa sobre a qual tenho refletido é a minha relação com a comida e com o exercício físico: será que estou a levar toda esta questão de ser saudável ao extremo? Será que esta “sede” de adotar comportamentos saudáveis não me está a levar por caminhos menos saudáveis? Sou bombardeada diariamente por imagens de comidas fit, de frases motivacionais a dizer que devemos fazer exercício, devemos ir ao ginásio diariamente, que devemos ultrapassar limites e ser fortes… Mas tanta propaganda, tanto incentivo, não estará a levar algumas pessoas – como eu – a, sem querer, ultrapassarem demasiados limites e porem-se em risco de eventuais obsessões alimentares e/ou de atividade física e, consequentemente, danificarem a sua saúde? Aposto que as intensões destas pessoas não são más, apenas não resultam para toda a gente e, ditas nos timings errados a pessoas que estão mais suscetíveis a adotar comportamentos extremos podem ter o efeito contrario ao desejado.

Felizmente há muitas outras pessoas a despertarem e a alertarem para estes perigos. No entanto, é importante ter consciência e filtrar a informação que se vê na televisão, nas revistas e principalmente nas redes sociais, de forma a não entrar nesta “loucura fitness” a qual muita gente se subjuga. Eu senti e sinto isso. É importante também conhecermos bem o nosso corpo e respeitarmos os nossos limites. Sair da zona de conforto é bom, fazer mais um bocadinho de exercício como forma de desafio é bom, mas não de uma forma recorrente e obsessiva.

Acho que o primeiro passo para dar a volta à situação é reconhecer o problema. No meu caso, não acho que tenha um distúrbio alimentar mas acho que estou a ser arrastada neste bombardeamento de informação que me faz controlar os meus comportamentos um bocadinho mais do que devia. Consequentemente, relativizo questões que deveria ter em consideração (como me aconteceu com os sinais que o meu corpo deu), e tendo a puxar-me além dos meus limites, e por vezes a restringir e a controlar demasiado. Não o posso fazer. Isto é tudo uma questão de cabeça e essas são as mais difíceis de resolver. Mas eu vou dar a volta a isto.


E tu, se te identificaste com isto, vais dar a volta também!

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2 comentários

  1. Adorei a tua reflexão, concordo mil! Dietas restritivas nunca são a solução, há que haver equilíbrio, há que saber comer bem e não comer pouco!! Acho que este é o ponto! E principalmente comer de acordo com a nossa actividade ou falta dela... Obviamente que quem treina todos os dias ou quase todos os dias terá necessidades de ingestão calórica superiores a quem não o faz...mas infelizmente entra-se facilmente nos extremos e é aí que surge o Perigo. Quanto a ti querida Patrícia espero que estejas a 100% brevemente e que não voltes a ter estes sustos ��. Daniela (danigirl_FitLog)

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    1. É mesmo... Há que ter mesmo cuidado pois é muito verdade que facilmente se vai aos extremos...
      E sim, vou ficar bem! Não passou de um susto <3 Muito obrigada meu doce! Um beijinho <3

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