Desta vez, senti-me uma aristocrata… no Café do Chiado.

O Café no Chiado - perdoem a redundância - situa-se no Chiado, junto ao largo de Camões. Esta zona deixa-me sempre um pouco reticente, uma vez que sendo um ponto turístico, por vezes os restaurantes são um pouco duvidosos. Mas ainda assim fui e tal não foi o meu espanto como estava redondamente enganada! O acesso ao restaurante é bastante fácil, o maior problema é estacionar o carro pelo que até recomendo serem amigos do ambiente e utilizarem transportes públicos que vos irá facilitar bastante a vida!

Este restaurante situa-se num edifício considerado património municipal e só esta primeira referência já faz notar todo o especto histórico, clássico e aristocrata que aí se faz sentir. A esplanada na rua permite aos clientes desfrutarem de uma refeição ou simplesmente um café, enquanto são acariciados pelo sol e vêm os elétricos e os turistas a passear.

No entanto, a verdadeira pérola está no interior do restaurante. Este é escuro, o que torna o ambiente um pouco sério – mas isso não é de todo mau e enquadra-se perfeitamente no conceito.

As paredes estão cobertas de estantes de livros ou pinturas. Os candeeiros a simular ramos de árvores e cujas folhas são pequenas lâmpadas dão um toque de modernidade. As madeiras escuras reforçam a ideia de classe.

Essa classe reflete-se também na forma como as mesas são postas: copo de água que depois é completado com copo de vinho – caso esta seja a bebida escolhida – talheres de peixe e de carne, guardanapo de pano, e um prato para as entradas com uma faca para barrar manteiga.

Estes pormenores todos fazem-nos sentir que estamos a frequentar um espaço de alta sociedade – e que muito provavelmente até o é! Para mim, isto é um pouco intimidante, mas ao mesmo tempo desperta a minha curiosidade, uma vez que este ambiente de aristocracia tem sempre a si associado um certo glamour e uma certa cultura.

O Café no Chiado dedica-se a gastronomia tipicamente portuguesa, com alguns twists e alguns sabores mais exóticos. O menu inclui entradas, pratos de peixe e de carne e sobremesas. Tem também uma opção vegetariana e algumas saladas.

O couvert é trazido à mesa sem ser pedido mas é pago. Este inclui pão torrado e bolinhas que vêm morninhas, e uma travessa com manteigas e patês que são bastante bons! Aquele pão tostadinho bem fininho com o patê é mesmo delicioso!

Para a nossa mesa vieram 3 pratos e 3 sobremesas. No entanto vou começar por um prato que não provei mas fotografei – Polvo à Lagareiro. A razão pela qual não o provei é porque não gosto de polvo, mas quem provou adorou! O prato vem com os tentáculos do polvo sob uma cama de batata e grelos salteados, empratado de uma forma bastante adorável!

Continuando na onda dos pratos do mar, provamos também o caril de gambas. Mas antes de tudo, não é adorável o empratamento?! Com aquela mini caçarola e a mini concha para servir o caril sob o bolo de arroz… maravilhoso! Em termos de sabor é muito rico e cremoso. Os camarões não estavam demasiado cozidos, mas notei que não lhe tiraram a tripa. É o único prato da ementa que vem assinalado como picante e realmente tem um toque picante – mas para mim era o ideal!

Passando ao prato de carne, provei os pasteis de massa tenra. Estes 3 pasteis que se assemelham a rissóis têm um recheio bem cremosos de carne – que eu desconfio que seja de porco – cheio de sabor! A massa é estaladiça por fora mas, como próprio nome indica, bem tenra por dentro. Vem acompanhado de arroz de espinafres e uma salada bem envinagrada tal como gosto!

Passando aos doces, que se pudesse tinha experimentado todos… Provei o pão-de-ló que além de adorável, parecia um petit gateau. Porquê? Porque o interior era cremoso e escorria ao cortar o bolinho. Maravilhoso, leve, delicioso! E não era demasiado doce, estava no ponto ideal!

A tarte de maçã também era bastante boa – pequenina e redonda, vem servida quente para contrastar com a bola de gelado de baunilha. E quem não gosta deste contraste? Esperava que a massa da tarte fosse mais estaladiça mas era mole, mas o aroma da maçã e canela era bem delicioso! Esta sobremesa tinha também um crumble de bolacha que quase compensava aquele toque crocante que faltava na massa da tarte.

Por fim, e talvez a minha sobremesa favorita das três – a tarte de limão merengada… Era um pedacinho de céu num prato, honestamente! A base era espessa mas na consistência adequada, o curd de limão cremoso e delicioso, cheio de aroma cítrico, e aquele merengue por cima que tanto adicionava beleza como completava aquela sobremesa… delicioso!

               

Confesso que o meu primeiro contacto com o staff não resultou na melhor das impressões – nem para mim, nem provavelmente para a senhora que me recebeu. Tinha feito reserva e, como tal, cheguei e disse “tinha uma reserva para 3 pessoas às X horas”, e ela respondeu-me muito rápido “tinha, já não tem?”… a típica piada. Eu refleti por 3 segundos e respondi “Não. Já não tenho.” E, claro está, a senhora ficou a olhar para mim e, depois de nos guiar para a mesa acabou a pedir desculpa, o que me fez pensar se não tinha sido rude demais.

De qualquer das formas, o resto da refeição correu sem qualquer percalço ou piada, com um atendimento muito cordial como o espaço assim o pede. A comida também sai rapidamente da cozinha, com empratamentos exemplares.

Procuras um local com um certo requinte, para um almoço ou um jantar com um pequeno grupo de amigos ou colegas, com comida portuguesa de qualidade? Certamente o Café no Chiado é uma excelente opção!

Apesar de não ser um restaurante para visitar diariamente, uma vez que os preços são um pouco mais elevados, acho que compensa para celebrar um dia especial. Além disso, se tiverem Zomato Gold podem usufruir de um prato de oferta!