[#Reflexão] Eu não sou “Fit”

12.11.20

Quando comecei a ser activa no instagram – e consequentemente decidi criar o Blog – a minha grande motivação era autopromover um estilo de vida mais saudável e seguir exemplos de pessoas que na altura faziam sentido para mim e com isso descobri toda uma comunidade Portuguesa do “Fitness”.

Esse mundo, dito “Fit”, promove um estilo de vida saudável, mas de forma muito subtil e quase impercetível leva-nos a abominar coisas que são normais e saudáveis em prol da promoção de alguns comportamentos que, se nos afastarmos um pouco e observarmos de longe, podem ser um pouco duvidosos e que não são, de todo, generalizáveis.

Mas na altura eu não vi isso.

Achei super interessante a forma como era fácil substituir o pão nas refeições por aveias de marcas todas XPTO, com os mais diversos sabores, ou o quão giro era ir ao ginásio 3, 4, 5 vezes por semana mostrar os outfits de teino super giros. Sem me aperceber, bebia todas aquelas palavras que promoviam os produtos maravilhosos da Prozis, da EU Nutrition, da Zumub, ou do diabo a sete, e a sementinha que dizia “Os produtos com menos calorias são melhores” ficou plantada na minha cabeça e aos poucos foi crescendo.

Ficava triste quando alguém dizia que tinha falhado um treino, e sentia a culpa quando fazia o mesmo, quase como se fosse o fim do mundo. Quando alguém se lamentava do hambúrguer que tinha comido no dia anterior e que “Tinha sabido muito bem, mas….” Eu pensava em tudo aquilo que comera na ultima semana para avaliar o valor moral dos alimentos que ingerira. Celebrava cada vez que alguém dizia que os números da balança desciam, e comecei a transpor esse objectivo para mim – afinal, toda a gente que perder peso e perder peso é que é bom, não é?

E por fim, a cultura do “Body Positivity” enterrou-se em mim – Toda a gente a mostrar imperfeições, rolinhos, estrias, gordurinhas aqui e ali, e a mostrar que devemos amá-las com todo o nosso coração, mas depois a realidade de corpos esguios e perfeitos suplantava esses ideais.

A verdade é que isto parece muito bonito.

Mas quando dei por mim a ter medo de hidratos de carbono, a treinar compulsivamente todos os dias, a demonizar todas as minhas imperfeições e a idolatrar a descida do peso na balança… A coisa perdeu a piada.

Estes ideais divulgados por este movimento “Fit” não são errados! Mas também não são certos. Na verdade… depende da pessoa! Existe uma linha muito ténue que separa o que é ser “Fit” do que é ser-se “saudável”. E essa linha é chamada de extremismo.

Eu dei por mim no extremo, e esse é um local onde não quero estar.

Tive de parar, olhar para mim e falar com o meu corpo. Tive de me questionar o que é bom para mim, o que me faz sentir bem e, sobretudo, o que me faz feliz. Mas a minha visão estava tão entorpecida com todos esses ideais que não conseguia encontrar a resposta genuina.

Ainda hoje tenho dificuldade em aceitar a resposta intuitiva à pergunta “O que é que o meu corpo precisa?”. Mas sei que ele sabe melhor que ninguém a resposta e que, se seguir a minha intuição, saberei interpretá-la.

E por isso digo: Eu não sou fit.


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2 comentários

  1. Olá, Paty!

    Espero k estejas bem de saúde e a abraçares, positivamente, a vida. Eu estou bem, creio, mas com "n" coisas para fazer, por isso já há algum tempo que não passava por aqui. A escola leva-me o tempo todo ou quase e o blogue e outras coisas têm de ficar adiados.
    Li, contudo, os teus anteriores posts e, parabéns, pois já fizeste uma sessão fotográfica, um dos teus objetivos para este ano, tal como foste ao Algarve rever uma grande amiga tua, para além de visitas a restaurantes interessantes.

    Estás linda na foto, embora não se vejam os teus bonitos olhos verdes, creio serem verdes, mas as tuas pernocas estão um assombro. Não és fit, não senhor(a). E daí? Isso de ser fit é uma questão de moda, que irá passar. Evidente k não estou a defender a obesidade, mas o importante é sentires-te bem no teu corpo. Calculo que a tua cabeça tenha recaídas e ainda não te ajude, plenamente, mas com o tempo, a idade a passar e o acompanhamento psicológico tudo ficará nos eixos.

    Já pensaste em homens e mulheres da tua idade k têm cancro, por exemplo? Uns escapam, outros, não, e o processo de tratamento é duro, dizem. Isso é que nos deve preocupar e não sermos mais ou menos cheiinhas. Vá lá! Promete que vais deixar de pensar nessas coisas (eu bem sei k sofreste de anorexia, k é uma doença do sistema nervoso) e continuares a tua vida académica e particular.

    Os teus pais estão bem? Faço votos k sim.

    Finalmente, tenho novo post no blogue. Qdo te apetecer, passa por lá. Obrigada!

    Beijos e dias felizes!

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  2. Nem sempre o que se vê na net corresponde à verdade. Em muitos casos, só aparecem determinadas marcas porque estas pagam aos influencers para as mostrarem, noutros, nem sequer fazem tudo como dizem nas redes sociais. É preciso escutar o próprio corpo, não exagerar e procurar os profissionais. Nada como eles para aconselharem.

    Bom fim de semana
    Coisas de Feltro

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